terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Copa do Mundo e a impunidade no Brasil



Já li várias vezes que os lucros previstos para a FIFA com a realização da Copa do Mundo no Brasil são enormes e sem precedentes. Conclui-se, portanto, que a entidade máxima do futebol mundial é capaz de tudo por dinheiro, até mesmo cometer a temeridade de realizar uma Copa do Mundo em nosso país. 
Não se trata de "complexo de vira-lata". É notório que (ainda) não temos a seriedade e a responsabilidade necessárias para dar conta de um evento desse nível. A desorganização que acompanhamos nos últimos anos com os preparativos da Copa (custo ampliado e atraso das obras dos estádios, cancelamento de obras relativas à mobilidade urbana nas cidades-sede, construção, por motivos políticos, de estádios em cidades sem tradição de futebol etc.) demonstra isso claramente, culminando com essas cenas de barbárie registradas domingo no estádio em Joinville, sem a presença do efetivo policial necessário. Tem violência entre torcedores em outros países? Tem, mas na maioria deles, principalmente na Europa, os bandidos, via de regra, são identificados e exemplarmente punidos. E aqui, o que acontece? São presos e logo aparece um advogado com um habeas corpus debaixo do braço liberando os infelizes. Se condenados mais tarde, o acerto com a sociedade acaba se resumindo ao pagamento de duas ou três cestas básicas e o cumprimento de um leve trabalho comunitário. É pouco, muito pouco!


sábado, 7 de dezembro de 2013

A subestimada contribuição de Clif Eidelman para Star Trek




O score de Cliff Eidelman para "Star Trek VI" é possivelmente o mais subestimado de todos os compostos para a saga estelar no cinema. 
Acredito que o alto padrão estabelecido por Jerry Goldsmith com o seu já clássico tema para o primeiro filme tenha contribuído para relegar esse ótimo trabalho de Eidelman ao injusto ostracismo. É uma pena porque a suíte final do cd está à altura dos melhores scores escritos para a franquia, incluindo os de Jerry Goldsmith e de James Horner. 

Procurando Shakespeare


O solene, e por vezes sombrio, score escrito por Howard Shore para "Ricardo III - Um Ensaio" (1996), documentário dirigido por Al Pacino, é uma pequena amostra do que o compositor ofereceria anos mais tarde com a música para a trilogia do "Senhor dos Anéis", seguramente sua grande obra-prima para o cinema. 
É uma bela trilha sonora para um filme quase experimental de Al Pacino em sua única (que eu saiba) experiência como diretor no cinema. Por meio de entrevistas reais com companheiros de profissão durante um ensaio para a encenação de "Ricardo III", e também com o público nas ruas de Nova York, Al Pacino, que atua no filme, procura revelar a complexidade das peças de Shakespeare, além das dificuldades encontradas em sua montagem.


Verdadeiro estadista



Alguns preferem "estadistas" capazes de "fazer alianças com o diabo" na defesa de um projeto de poder supostamente a serviço do bem comum, conforme definição do filósofo espanhol José Ortega y Gasset e de muitos brasileiros "esclarecidos".
Eu, modestamente, ainda acredito que os verdadeiros (ou legítimos) estadistas são aqueles que conseguem unir um país inteiro em torno de um ideal de conciliação nacional, superando ressentimentos seculares e o sectarismo ideológico. É o caso do já saudoso Nélson Mandela, falecido nessa semana. O mundo, e não apenas a África do Sul, vai sentir muita falta desse homem extraordinário. Que Deus o tenha (e nos abençoe!).

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

James Horner reciclado




Com a trilha sonora de "Avatar", de 2009, aqui representada por uma bela suíte, James Horner resgatou um pouco do jovem e talentoso compositor das décadas de 1980 e 1990, responsável por trabalhos memoráveis como "Aliens - O Resgate", "Willow na Terra da Magia", "Lendas da Paixão", "Coração Valente" e "Star Trek II - A Ira de Khan". 
Horner é competente como poucos para musicar histórias e desfruta, merecidamente, de um grande prestígio em Hollywood, mas há anos que só oferece mais do mesmo. É certamente um dos compositores que mais praticam o autoplágio no cinema. A música de "Avatar" é um exemplo disso, pois reúne bons momentos de algumas de suas composições mais criativas em toda a carreira.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Herança africana no Brasil



Enquanto os malfeitos do presente monopolizam a atenção da mídia e das redes sociais no Brasil, recentes escavações no centro do Rio, por conta das obras de revitalização da zona portuária para as Olimpíadas de 2016, revelaram um passado sombrio de nosso país que não pode ser esquecido. Trata-se do Cais do Valongo, o maior sítio arqueológico da diáspora (dispersão) africana em todo o mundo. Por ali teriam passado cerca de 1 milhão de escravos no século XIX, caracterizando o local como o maior porto escravagista da história. Essa é uma herança que não nos honra mas que devemos cultuar em memória daqueles que, mesmo tratados como sub-humanos, deram uma contribuição decisiva para a construção da identidade do povo brasileiro.


domingo, 17 de novembro de 2013

O mensalão e a polarização política no Brasil


A repercussão, na mídia e nas redes sociais, do episódio da prisão dos envolvidos e condenados no chamado mensalão revela um acirramento dos ânimos em relação ao quadro político nacional que chega a ser assustador. É como se a sociedade estivesse dividida, colericamente, entre os que demonizam tudo e todos relacionados direta ou indiretamente com o governo federal e o PT, e aqueles que os apoiam incondicionalmente, haja o que houver, apesar de possíveis evidências de erros e "malfeitos" na condução da coisa pública. 
O processo de consolidação de nossa ainda tenra e vulnerável democracia requer muito mais do que a polarização raivosa e destrutiva verificada atualmente no país. E nenhuma liderança política, independentemente de ideologias, demonstra estar à altura do desafio de mudar esse quadro. É uma pena.


Miriam Makeba na Alemanha: parece que foi ontem!



Essa homenagem que fizeram ontem no Rio, durante o festival Back2Black, a Miriam Makeba, cantora sul-africana falecida em 2008, com a participação de Gilberto Gil e Alcione, me fez lembrar de um episódio bacana que vivenciei há quase 20 anos. Foi em maio de 1995, mais precisamente no dia 24, uma quarta-feira, quando eu estava visitando pela primeira vez meus amigos em Heidelberg, na Alemanha. Ao me receber na estação de trem, ainda pela manhã, minha amiga Cristina me convidou para ir com seu companheiro Armin e outros amigos ao show que Makeba daria à noite no principal ginásio da cidade. Aceitei logo, claro, mas confesso que esperava qualquer programa para aquela noite especial na Alemanha, nunca, porém, um show de uma cantora africana, que, aliás, fez muito sucesso no Brasil, lá pelos anos 70, especialmente com uma música - "Pata Pata" - ou, como costumávamos dizer na época, "tá com pulga na cueca!". Com tudo acertado, resolvemos passar numa drogaria (?!?!) para comprar os ingressos, ainda em marcos alemães.
À noite, para minha surpresa, testemunhamos o ginásio lotado de loirinhos de olhos azuis, exultantes com a performance da negra africana. Ela cantou por aprox. 2 horas e saiu ovacionada do palco, não sem antes oferecer vários "bis" ao público extasiado. Foi ali que, pela primeira vez, percebi que os alemães não perdem uma oportunidade de curtir a cultura negra ou africana, ou pelo menos qualquer coisa que soe diferente dos padrões germânicos. Não todos, é verdade, mas certamente muita gente, a ponto de lotar ginásios numa bela noite de dia útil e fora do período de férias, como foi o caso.
Após o inesquecível show, fomos jantar num restaurante à beira do rio Neckar, numa noite agradável de primavera, onde as conversas ainda repercutiam bastante a performance da saudosa Miriam Makeba. De alguma maneira, portanto, ela faz parte das melhores lembranças da minha vida. Que Deus a tenha!


sábado, 16 de novembro de 2013

O melhor de Alan Silvestri

Assistindo agora há pouco, no canal Universal, a algumas cenas de "O Retorno da Múmia", de 2001, resolvi ouvir a excelente trilha sonora que Alan Silvestri escreveu para o filme. O compositor tem uma carreira consolidada em Hollywood e já compôs obras antológicas,  como é o caso de "De Volta para o Futuro", que se confundem com os próprios filmes a que servem. Nunca, porém, esteve tão perto da perfeição como em "O Retorno da Múmia". Seu score para este filme não fica a dever em nada ao ótimo trabalho do mestre Jerry Goldsmith para o original "A Múmia", de 1999. Na verdade, quando ouvi a trilha sonora pela primeira vez não acreditei que era de Alan Silvestri. 
Mais tarde, em 2004, na tentativa de alcançar a excelência do score anterior, o compositor criou algo parecido para "Van Helsing", que não passou de um arremedo de sua trilha sonora de 2001. Mas ele ainda tem crédito!

sábado, 2 de novembro de 2013

Marian Dougherty e a revelação de ídolos em Hollywood



Acabei de assistir na HBO ao documentário "Diretor de Elenco", exibido no último Festival do Rio, sobre Marian Dougherty, falecida em 2011, certamente a mais prestigiada diretora de elenco de Hollywood. Ela fala da experiência acumulada ao longo de décadas na escolha de atores para produções americanas, apostando em novatos como John Travolta, Dustin Hoffman, Al Pacino, Diane Lane, Clint Eastwood, Sigourney Weaver, Christopher Walken, Warren Beatty, Gene Hackman e Jeff Bridges, dentre outros, que mais tarde se tornariam grandes ídolos do cinema. 
O episódio mais interessante do documentário abordou a dinâmica de escolha dos protagonistas de "Perdidos na Noite" (1969), um dos sucessos mais corajosos e improváveis de toda a história de Hollywood, por retratar uma dupla de personagens perdedores num filme que não faz concessões mercadológicas no final. Na produção, John Voight e Dustin Hoffman, em início de carreira, realizam performances memoráveis que marcariam para sempre suas carreiras. Dustin decolou, já John Voight... 
Infelizmente, com o processo de infantilização do cinema, iniciado no final da década de 70 (receio que por obra e culpa de George Lucas e Steven Spielberg), não há mais espaço para filmes como esse na indústria cinematográfica.


Jack Wild, uma vida arruinada pelo vício


Jack Wild é o caso mais trágico que eu conheço de um jovem talentoso que pôs tudo a perder com o vício em álcool e cigarro. Ele começou a beber e a fumar aos 12 anos, o que arruinou a carreira, o casamento com a namorada de infância e a própria vida. 
Indicado ao Oscar de ator coadjuvante aos 16 anos, pelo papel de Jack Dawkins, o batedor de carteiras mirim do filme "Oliver" (1968), Wild passou a vida adulta praticamente no anonimato, fazendo pontas aqui e ali e alguns papéis secundários no teatro. O vício duplo iniciado na infância só aumentou com o passar dos anos e o esquecimento pela mídia. Morreu aos 53 anos, em 2006, vítima de câncer de boca, tendo passado os 3 últimos anos de vida sem poder falar, por causa do tumor. Ele mesmo admitiu que seu estilo de vida o transformou numa verdadeira bomba-relógio. Uma triste história de vida que, infelizmente, está longe de ser rara no meio artístico. Apurei tudo isso logo após assistir à homenagem aos artistas falecidos em 2006, na entrega do Oscar 2007. Assim que vi o nome dele na tela e as cenas de "Oliver", lembrei do filme e principalmente da série inglesa de tv "A Flauta Mágica", da qual participou e que chegou a passar no Brasil (acho que na TV Excelsior) quando eu tinha uns 10 anos. O programa marcou minha infância e Jack Wild fez parte disso.
Para quem não conhece o ator, ou não assistiu "Oliver" e a série da tv inglesa, está previsto para este mês o lançamento, no Brasil, do dvd do filme "Melody - Quando Brota o Amor", uma comédia romântica de 1971, no qual Jack Wild é mais uma vez coadjuvante de Mark Lester, o protagonista de "Oliver", menino que se tornou médico bem-sucedido (é dono de uma clínica) e ainda vive. A ironia em "Melody" é que Wild desempenha o papel de uma criança rebelde (ele já tinha 18 anos, mas era miúdo) que, de vez em quando, consome bebida alcoólica. O que parecia uma inocente travessura na história, ou um simples papel no cinema, acabou se tornando uma triste realidade na vida do jovem ator, que acabou o levando à morte. Que Deus o tenha!



Regras para espionagem?



Brasil e Alemanha se uniram na ONU para aprovar regras para espionagem. Os discursos foram ótimos e as medidas propostas obtiveram o apoio da maioria dos países, mas dificilmente tornarão o mundo menos sujeito às bisbilhotices dos mais poderosos. 
Na verdade, o maior problema que eu vejo nessa questão da espionagem praticada pela agência de segurança americana (NSA), que alcança indiscriminadamente inimigos e aliados, é a própria divulgação do fato. Todos os governos sabem (ou deveriam saber) que isso sempre existiu, e não são ingênuos (ou não deveriam ser) a ponto de achar que vai acabar. Vamos ser honestos, os que não espionam não o fazem por falta de meios ou por incompetência, quase nunca por princípio.
Mas admito que a divulgação da prática, principalmente quando envolve aliados, cria uma situação embaraçosa para ambas as partes, já que revela falta de confiança entre os países. Para o cidadão comum, isso é inaceitável. Portanto, é louvável e legítima a iniciativa conjunta de Brasil e Alemanha, "vítimas" da NSA, no sentido de criar medidas que tentem coibir os excessos, o que representa uma espécie de satisfação para o público interno. Porém, como não acredito (há bastante tempo) em Papai Noel, nem em coelhinho da Páscoa, considero praticamente nulas as chances de ocorrer qualquer mudança significativa na prática de espionagem no mundo. Quem pode espionar vai continuar a fazê-lo, a despeito de tudo e de todos. 
Por fim, embora devamos aspirar sempre a um mundo melhor, mais transparente e menos cínico, e trabalhar efetivamente por isso, não é possível alimentar ilusões a respeito desse assunto. 



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O instrumento dos deuses



O "instrumento dos deuses", é assim que vejo (ou ouço) a trompa, um instrumento musical da família dos metais quase tão antigo quanto a civilização, já que sua história começa há milhares de anos com a utilização de chifres de animais. Foi somente a partir do século XIV que o instrumento passou a ser confeccionado com metal, passando por diversas transformações com o passar dos tempos, até chegar à forma que apresenta em nossos dias.
E parece que os compositores de trilhas sonoras, em justa reverência aos deuses e suas preferências, desenvolveram, por gerações, um verdadeiro caso de amor com a trompa, um dos instrumentos mais expressivos da orquestra moderna. O som aveludado produzido pelo conjunto de trompas, que pode ir do doce e melancólico ao solene e grandioso, tem forte presença nos scores de praticamente todos os gêneros cinematográficos, conferindo às narrativas, sejam elas simples ou épicas, uma atmosfera de puro encantamento.
Por isso mesmo, o som da trompa, que alcança uma enorme variedade de timbres, é, de longe, o que mais aprecio numa performance orquestral, e não apenas na execução de músicas de filmes. O instrumento está presente em todas as sinfonias de Beethoven, Brahms e Mahler, compositores pelos quais tenho grande admiração. Richard Wagner, que dispensa apresentações, chegou a criar uma nova trompa (a trompa wagneriana), destinada ao seu ciclo de óperas "O Anel do Nibelungo" (O Ouro do Reno, A Valquíria, Siegfried e Crepúsculo dos Deuses). O instrumento modificado, que combinava elementos tanto da trompa original quanto da tuba, acabou agradando e passou a ser adotado por outros compositores, como Richard Strauss, Igor Stravinsky e Béla Bartók.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A melhor biografia da MPB



Em tempos de proibição de biografias não autorizadas, circulam notícias de que voltará em breve às livrarias a de Noel Rosa, de autoria de João Máximo e Carlos Didier, lançada em 1990 pela Editora UnB, em edição comemorativa do 80º aniversário de nascimento do compositor.
A obra, considerada a mais importante já realizada sobre uma personalidade da MPB, está fora de circulação há vários anos, por iniciativa dos herdeiros de Noel, que por muito tempo alegaram a necessidade de preservação da privacidade da família. 
Em 2012, uma decisão final da Justiça liberou a publicação do livro, que só está aguardando a definição da editora responsável, Companhia das Letras ou José Olímpio, ambas interessadas no projeto.  
Embora não seja o gênero de música que mais me agrade, compreendo perfeitamente a importância da obra de Noel Rosa para a cultura brasileira. Por sorte, tenho um exemplar do livro em perfeito estado, que dei de presente de aniversário ao meu saudoso pai, o maior fã de Noel que conheci em toda a minha vida.


Insensatez em dose dupla

1 - Supremo Tribunal da República Dominicana tira a nacionalidade de filhos de pais estrangeiros ilegais nascidos a partir de 1929. A decisão afeta diretamente 3 gerações de dominicanos, ou meio milhão de pessoas! 
Punir imigrantes ilegais após décadas de permanência no país, tornando seus descendentes apátridas, chega a ser surreal.


2 - Presidente francês, François Hollande, propõe retorno ao país de menina de 15 anos deportada com a família para Kosovo, desde que volte sozinha, deixando pais e irmãos para trás. 
Propor isso a uma criança em pronunciamento pela TV é uma verdadeira infâmia! Se não pode oferecer nada melhor, ou mais decente, que fique calado!


sábado, 19 de outubro de 2013

Cisne Negro e Natalie Portman

Finalmente a Globo programa um ótimo filme para a noite de sábado. A emissora transmite hoje "Cisne Negro" (2010), dirigido por Darren Aronofsky, que conta com o melhor desempenho de Natalie Portman em toda a carreira. Aliás, a produção é um exemplo clássico de como a atuação de um ator/atriz pode conferir qualidade e densidade a um filme. Embora aborde emoções e intrigas típicas dos bastidores do balé, clássico ou moderno, como bem assinalou minha amiga Marisa Tamm, bailarina, coreógrafa e professora de dança contemporânea, acredito que o balé, no filme, funcione apenas como pano de fundo para contar um belo drama psicológico sobre a jornada (quase sempre dolorosa) de um ser humano em busca de si próprio, dividido entre desejos e repressões. Um filmaço!
Por último, cabe destacar a trilha sonora, que tem música original de Clint Mansell e brilhante adaptação do balé "Lago dos Cisnes", de Tchaikovsky.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Certezas, dúvidas e julgamentos


Episódios envolvendo dois amigos nos últimos dias me fizeram lembrar do filme "Dúvida" (2008), dirigido por John Patrick Shanley e estrelado por Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman. O site da HBO informa que o filme, baseado na obra literária ganhadora do Prêmio Pulitzer, e na adaptação teatral premiada com um Toni, não está mais disponível para exibição no Brasil, o que é uma pena, já que se trata de uma bela produção, valorizada pelo fantástico desempenho dos protagonistas. Eu adoraria assisti-lo de novo, mas já pesquisei na internet e até o blu-ray está esgotado no fornecedor. Segue uma pequena sinopse da produção, extraída do site "AdoroCinema":

"Não existem provas, não existem testemunhas… somente suspeitas.
1964. O carismático padre Flynn (Philip Seymour Hoffman) tenta acabar com os rígidos costumes da escola St. Nicholas, localizada no Bronx. A diretora do local é a irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep), que acredita no poder do medo e da disciplina. A escola aceitou recentemente seu primeiro aluno negro, Donald Miller (Joseph Foster), devido às mudanças políticas da época. Um dia a irmã James (Amy Adams) conta à diretora suas suspeitas de que o padre Flynn esteja dando atenção demais a Donald. É o suficiente para que a irmã Aloysius inicie uma cruzada moral contra o padre, tentando a qualquer custo expulsá-lo da escola."

Recomendo esse filme a todos que costumam se orgulhar de suas certezas. Reservar (ao menos) um pequeno espaço para a "dúvida" em nossas vidas, principalmente quando se trata de julgar o próximo, não apenas no que diz respeito ao mérito de seus atos (certo ou errado), mas também em relação a como lidamos com suas supostas falhas, leves ou graves, é um oportuno exercício de humildade. 
Isso tudo me faz recordar de uma ótima frase atribuída a Millor Fernandes, habitualmente associada a contextos mais triviais do que o do filme.

- se você não tem dúvidas, está mal informado!




sábado, 12 de outubro de 2013

Nova tragédia humanitária no Mediterrâneo


Tivemos ontem, no Mar Mediterrâneo, mais dois naufrágios de barcos repletos de imigrantes africanos, com dezenas de vítimas fatais.  
Apenas fechar fronteiras e reprimir a imigração ilegal, como alguns países europeus vêm fazendo, é o mesmo que enxugar gelo. A solução, a médio e longo prazo, passa por iniciativas que promovam a estabilidade política e o desenvolvimento econômico e social nas regiões de origem dessa legião de imigrantes. É a alternativa mais sustentável, ainda que de implementação complexa e demorada, para minimizar essa tragédia humanitária que já matou milhares de pessoas nos últimos anos.



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Em busca de liberdade (e da felicidade)


Quando li a matéria sobre o filme "A Outra Pátria" no site da Deutsche Welle (www.dw.de), que aborda a emigração de alemães para o Brasil (Rio Grande do Sul) ainda no século XIX, lembrei logo da história que meus parentes me contaram a respeito da minha saudosa avó Evangelina, que saiu no início do século passado da Galícia, na Espanha, para se estabelecer no Rio de Janeiro. O fato é que as histórias dos imigrantes são sempre muito parecidas, independentemente da época, da nacionalidade e de onde se instalam. As motivações são basicamente as mesmas, invariavelmente associadas à pobreza extrema no país de origem e à busca em terras estrangeiras por uma vida mais digna, ou da felicidade, o que é algo legítimo e universal. 
Ao ler o artigo, lembrei também do naufrágio ocorrido há dois dias na costa da pequena ilha italiana de Lampedusa, que provocou a morte de 300 imigrantes africanos. Uma tragédia humanitária que se repete periodicamente naquela região, sem que as autoridades italianas e europeias tomem qualquer providência. Como afirmou o Papa nesta sexta-feira, "hoje é um dia de lágrimas porque o mundo não se importa se as pessoas fogem da escravidão ou da fome em busca de liberdade".



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Trilhas sonoras e a arte da orquestração

Em entrevista publicada no BsoSpirit, site espanhol especializado em trilhas sonoras, o compositor John Ottman, responsável pelo ótimo score do filme "Jack - O Caçador de Gigantes", comenta:

- A orquestração é tudo. É fundamental para que o score narre a história. É a razão pela qual eu mesmo me ocupo disso até a última nota para um pizzicato. Não posso imaginar entregar a partitura a um orquestrador para que ele preencha os espaços em branco. Cada uma das matizes e dos detalhes da orquestração tem um tremendo impacto sobre a cena. Eu ficaria muito nervoso se tivesse que delegar essa tarefa a outra pessoa. A decisão de usar o coro ou determinados instrumentos de metal, por exemplo, faz parte do processo de composição. O resultado disso está intimamente associado à narrativa. Como eu poderia deixar para outro essa responsabilidade?

Já debati esse assunto com alguns amigos músicos. A maioria deles não confere tanta importância ao fato de o compositor orquestrar as próprias obras. Não sou músico mas me reservo o direito de discordar. Na verdade, não há nada nessa vida que eu admire mais do que um compositor com pleno domínio da arte da orquestração. Isso, pra mim, é fundamental!



segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Nordeste brasileiro: hospitalidade e desigualdade!

Os amigos estão acostumados a ler comentários sobre as viagens à Europa e os episódios pitorescos (às vezes, até surpreendentes) dos meus passeios pelo velho continente. E já devem ter percebido que, além da Espanha, terra de minha avó Evangelina e de primos que conheci há alguns anos, tenho um interesse particular pela Alemanha, um país que me encanta desde muito jovem, principalmente por sua cultura (cinema, literatura, música, arquitetura etc.) e organização.
Mas é preciso ressaltar que, sempre que tenho oportunidade, visito também algumas regiões do Brasil. E não posso deixar de registrar o carinho que tenho pelo Nordeste brasileiro, principalmente Rio Grande do Norte, Bahia, Paraíba e Pernambuco, estados que visitei na companhia de amigos. 
Destaco a atenção e a hospitalidade com que fui recebido pela gente local, independentemente de classe social. Nas ruas ou nas casas de amigos e de amigos de amigos, a recepção sempre foi muito gentil e calorosa. O menino que aparece nas fotos, cujo nome infelizmente esqueci, é um bom exemplo. Morador humilde de João Pessoa, ele nos guiou pelos pontos turísticos do centro da cidade, invariavelmente com um sorriso no rosto e sem combinar qualquer remuneração. É claro que no final do passeio nos cotizamos e lhe demos uma boa gorjeta. Certamente ele esperava por isso, e não poderia ser diferente.
O fato é que, embora eu seja muito bem recebido em todos os países que visito, é no Nordeste brasileiro que costumo me sentir mais à vontade. Naturalmente, isso se deve também ao idioma comum, que facilita a aproximação e o entendimento. Se não dispõe de história milenar e cultura clássica, como a Europa, o povo nordestino "compensa" tudo isso revelando alegria e calor humano num nível difícil de encontrar entre a maioria dos europeus, o que torna uma visita à região, de praias paradisíacas, uma experiência realmente inesquecível.
É uma pena que as classes dirigentes (ou elites) desse país venham tratando o Nordeste, de uma maneira geral, com um descaso criminoso ao longo dos tempos, apesar dos esforços dos últimos governos federais no sentido de promover a inclusão social. Infelizmente, os resultados alcançados com esses programas assistenciais ainda são modestos, ou insuficientes. Basta ver os índices vergonhosos da região (baixa renda per capita, analfabetismo etc.) revelados pelos indicadores sociais mais recentes. Para um país que figura entre as maiores economias do mundo, são desigualdades simplesmente inaceitáveis.



domingo, 22 de setembro de 2013

Como se não houvesse amanhã


Quando chegamos a uma determinada idade (não necessariamente boa ou ruim), a tendência é idealizar o passado, como se tudo lá tivesse sido um paraíso, repleto de alegrias, o que, na maioria dos casos, sabemos que não correspondente à realidade. 
Acho que isso acontece porque, invariavelmente, lá no passado, quando éramos mais (ou bem) jovens, ainda nos permitíamos acalentar doces ilusões a respeito de nossas trajetórias de vida, com promessas de sucesso e realizações. Tínhamos uma vida inteira pela frente, uma verdadeira eternidade para cumprir nossos brilhantes destinos. 
Com o passar dos anos, quase todos acham que falta alguma (ou muita) coisa para se sentirem plenamente realizados, se é que isso, de fato, existe. Mas essa é apenas uma das maneiras de lidar com essa experiência. E talvez a pior delas! 
Se não é possível voltar no tempo, e se o relógio da vida nos pregou uma peça reduzindo, mas não eliminando, nossas chances, só nos resta inverter a lógica, vivendo cada dia como se fosse o último, mais ou menos como diz a letra da música do saudoso Renato Russo. E o amanhã pode ser encarado como prorrogação nesse jogo de final imprevisível.

domingo, 15 de setembro de 2013

Dormindo no estábulo



Se não fosse Dona Erika, a simpática senhora que aparece na porta da casa, teríamos dormido nós quatro (meu amigo, a esposa, eu e uma amiga) nas montanhas austríacas, ao relento e sujeitos a chuva e frio. Explico melhor. É que meu amigo Armin, que de alemão só tem a cara e a nacionalidade, quase nunca reserva hotéis com antecedência em nossos passeios. Ele acha que de carro tudo fica mais fácil, bastando perguntar aqui e ali para encontrar um abrigo. Acontece que nem sempre funciona assim. No Lago Constança (Alemanha), em 2011, quase tivemos que dormir no carro, já que os hotéis/pousadas locais estavam todos lotados, por conta das férias de verão. 
Dessa vez, por volta das 6 horas da tarde, passeando pelos alpes austríacos, nos demos conta de que ainda não tínhamos local definido para pernoitar. Em cada aldeia visitada, perguntávamos aos moradores se conheciam algum hotel ou pousada nas redondezas. A resposta era quase sempre negativa, apesar da atenção e da cordialidade dos aldeões, solidários com nosso problema. 
Até que em Nenzing, uma típica aldeia dos alpes austríacos, nosso amigo alemão se lembrou de que já tinha se hospedado ali, em um de seus costumeiros passeios com bicicleta pelas montanhas. Procuramos por algum tempo, entrando e saindo várias vezes das mesmas ruas, e, quando já estávamos pessimistas e imaginando dormir num estábulo qualquer, ele finalmente encontrou a casa de "Dona Erika", que, por sorte e graça de Deus, dispunha de dois quartos naquela noite. Foi um alívio geral. Retiramos nossas malas do carro, ocupamos os respectivos aposentos, tomamos um banho revigorante e fomos jantar num restaurante do camping local, onde comemos um prato típico. Em seguida, é claro, nos recolhemos porque ninguém é de ferro.
No dia seguinte, Dona Erika nos serviu gentilmente o café da manhã. Solitária, ela disse que estava com o marido muito doente, e aproveitou a oportunidade para nos mostrar, com evidente entusiasmo, os quadros que havia pintado nos últimos anos. Finalmente, ainda teve tempo para fazer queixa dos vienenses, segundo ela, metidos e preconceituosos com os austríacos do interior. 
Logo depois, nos despedimos de Dona Erika, essa que aparece na foto, desejando-lhe felicidades e pronto restabelecimento para o seu companheiro. Que Deus os abençoe!

domingo, 8 de setembro de 2013

Música, tradição e civilização


O Coro de Meninos da Igreja de St. Tomas, de Leipzig (Alemanha), fundado em 1212, é destinado a preparar jovens de várias nacionalidades, entre 9 e 18 anos, para a melhor performance musical e também para a vida em sociedade. 
Os garotos são afastados por 9 anos de suas famílias para ingressar numa escola em regime de internato, subordinados a uma disciplina rígida onde aprendem, além da música (é claro!), todas as matérias do currículo dos ensinos básico e médio na Alemanha. 
Ficou claro no documentário que a concorrência é sempre muito grande para integrar o "St. Tomas". O critério inicial, que funciona como pré-requisito, é a vocação (ou aptidão) musical, sem a qual nenhum deles tem qualquer chance de ingressar no coro. Em rápido depoimento, um calouro de aprox. 10 anos descreve sua emoção ao ser aceito pela instituição e conclui afirmando que "sempre" desejou fazer parte daquilo. Ouvir isso de um menino é no mínimo curioso.
O fato é que para nós, brasileiros, nascidos num país jovem e de poucas tradições, causa estranheza uma experiência como a do coro de St. Tomas, cujo ideal artístico e musical já atravessa 8 séculos, atraindo gerações seguidas de jovens, sem dar qualquer sinal de enfraquecimento. É uma bela tradição que dá um testemunho inequívoco do valor civilizatório da arte e da música.
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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O último refúgio


Para minha surpresa e decepção, em recente visita à França, descobri que a "Virgin Megastore" (pelo menos em Paris e em Estrasburgo), especializada em cds/dvds, encerrou as atividades. Nos últimos anos, adquiri nessas lojas muitos cds de trilhas sonoras indisponíveis em nosso moribundo mercado fonográfico. Uma verdadeira lástima!
Agora, restaram em Paris a tradicional FNAC, que mantém um estoque limitado de cds do gênero, e a corajosa e insuperável "Gibert Joseph", especializada em venda de cds, dvds e livros, novos e "de ocasião", com uma generosa oferta de títulos, de todos os estilos, incluindo minha paixão, as trilhas sonoras. Em minhas últimas viagens, encontrei lá verdadeiras raridades, indisponíveis para venda direta até no site americano da "Amazon", como foram os casos, dessa vez, dos cds duplos de "Conan - O Bárbaro" e "Conan - O Destruidor", obras-primas do falecido compositor Basil Poledouris, regravadas recentemente com Orquestra e Coro da Filarmônica da Cidade de Praga. Sem contar o cd duplo com os melhores trabalhos de Georges Delerue (Great Composers), também não disponível no site da gigantesca "Amazon".
Embora também tenha aderido ao mercado virtual, já que mantém um site de vendas, o fato é que a "Gibert Joseph", por dispor de espaçosas instalações físicas em Paris, com uma farta oferta de títulos de cds, dvds e livros, ocupa um lugar cada vez mais especial no coração daqueles que, por motivos diversos, ainda preferem curtir arte e cultura nas tradicionais mídias físicas, adquiridas nas próprias lojas. É o último refúgio desses consumidores, sabe Deus até quando!!

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Félix, um ano de saudade do goleiro do tri



No mês do primeiro aniversário de morte do saudoso Félix, ex-goleiro do Fluminense e da seleção brasileira (1970), publico aqui, pela primeira vez, o relato de um episódio envolvendo o inesquecível ídolo tricolor que testemunhei em visita à cidade de Heidelberg, na Alemanha, em junho de 2010.
Antes, cabe registrar que, felizmente, no final de 2011, tive a oportunidade de transmitir ao próprio Félix (e à filha dele, Patrícia), por telefone e e-mail, esse mesmo relato. Após a passagem de 1 ano da morte do goleiro, falecido em agosto do ano passado, fico satisfeito ao me dar conta de que proporcionei ao Félix a alegria de saber que, passados mais de 30 anos, alguém tão distante ainda se lembrava dele com tanto carinho. E, cá entre nós, isso realmente não tem preço. Que Deus o tenha!

"Vestido com a camisa do Fluminense e aguardando minha sobrinha que fazia compras numa loja da rua principal de Heidelberg, Alemanha, reparei que um táxi se aproximava lentamente de mim. Ao parar ao meu lado, e com algum acanhamento, o motorista (foto), um senhor humilde de aprox. 60 anos, me abordou indagando em voz baixa, "Fluminense?" Um tanto surpreso, respondi sim, é a camisa do Fluminense. Nesse momento, visivelmente emocionado, o homem começou a falar (em português claudicante) de uma visita que o tricolor carioca fez à cidade natal dele, a uns 40 quilômetros dali, para jogar um torneio amistoso, em meados da década de 70. Acreditem, ele citou Félix, Marco Antônio, Paulo César e Rivelino, dentre outros, e quase chorando retirou da carteira de documentos uma foto em que aparecia, ainda rapaz, ao lado do goleiro Félix, a quem ele se referia com mais frequência em nossa conversa. O que mais me surpreendeu é que ele guardava essa foto na carteira há mais de 35 anos, talvez esperando indefinidamente por uma oportunidade em que pudesse mostrá-la a alguém em condições de compreender o significado daquilo.
Sempre muito emocionado, e com lágrimas nos olhos, ele disse que guardava com carinho as lembranças daquele episódio da juventude, o que acabou também me comovendo. Em seguida, perguntei se ele já havia visto alguém com a camisa do Fluminense nesse longo período. Ele respondeu que sim, por algumas vezes, mas que nunca tivera a chance de se aproximar da pessoa. Compreendi então o motivo daquela emoção toda ao falar comigo. Ao me despedir, perguntei se ele não tinha um cartão que eu pudesse levar como lembrança do encontro, imaginando poder um dia estabelecer um novo contato entre ele e o Félix. Ele, então, me entregou um cartão da empresa de táxi em que trabalhava, onde li o nome Felix Albert (daí, talvez, a maior identificação com o goleiro do Fluminense). Provavelmente, o próprio Félix já nem se lembrava mais do jovem xará com quem conversou (segundo ele, em italiano) naqueles longínquos anos 70, numa pequena cidade da Alemanha. Mas a foto dele estava lá, carinhosamente guardada na carteira do Sr. Albert há mais de 35 anos".



Eu e o alemão tricolor

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Um Danny Elfman romântico e atípico

Impossível!! Não dá pra acreditar que essa música belíssima, que transita entre o romântico e o melancólico, tenha sido escrita por Danny Elfman, compositor que acabou se especializando em trilhas sonoras de filmes de ação como Homem-Aranha, Batman, Homens de Preto e Missão Impossível, dentre outros. 
O score de "Sommersby" (1993), dirigido por Jon Amiel e estrelado por Richard Gere e Jodie Foster, acentua magistralmente a atmosfera sombria do filme, conduzindo com perfeição a história de John "Jack" Sommersby, o personagem misterioso de Richard Gere. 
É uma pena que Danny Elfman tenha se dedicado prioritariamente, nos anos seguintes, a filmes de ação, negligenciando sua indiscutível habilidade para musicar dramas românticos e delicados como esse sensível trabalho para "Sommersby".


Lembranças do meu pai

Com meu pai, no Dia dos Pais de 2007

Ainda às voltas com os pertences do meu pai (Pepe), que faleceu há dois meses, encontrei uma pequena foto que ele guardava há décadas, certamente com muito carinho, enviada por Alberto, um amigo de infância que lutou na II Guerra, logo após a vitória de nossos pracinhas sobre os alemães no Monte Castelo, Itália, em fevereiro de 1945. 
No verso, há a mensagem do amigo, que na época devia ter a idade do meu pai, em torno dos 20 anos, dando um testemunho emocionado da grande conquista de nossos combatentes naquela batalha que se tornaria histórica e motivo de orgulho para os brasileiros.
É possível que Alberto, a exemplo do meu pai, já não esteja mais entre nós, passadas quase 7 décadas do episódio. Se for esse o caso, espero que os dois tenham tido a oportunidade de se encontrar novamente, dessa vez no plano espiritual, relembrando os tempos da juventude e retomando os laços de amizade, provavelmente enfraquecidos pelo tempo e pelas circunstâncias da vida.

domingo, 14 de julho de 2013

Monumento Musical

Acabei de assistir no canal Cultura ao grandioso Requiem de Berlioz, executado por 2 orquestras e 4 coros, com a participação de centenas de músicos e cantores, sob a regência de Sir Colin Davis, falecido em abril deste ano.
"Lacrimosa" é a minha parte preferida da obra, romântica por excelência, que obviamente contraste bastante com a contida e derradeira composição de Mozart sobre o mesmo tema, escrita ainda no período clássico. Mas nem por isso é inferior. Seus 11 minutos são simplesmente arrebatadores.
O fato é que a obra completa, com duração de aproximadamente 90 minutos, é um verdadeiro monumento musical, figurando, com justiça, entre as composições mais conhecidas e conceituadas, não só de Berlioz, mas de todo o período romântico.
O vídeo abaixo contém cenas dos ensaios e o concerto completo, realizado em 2000 no Royal Albert Hall, em Londres, por ocasião do Festival BBC PROMS, evento anual de música clássica que já se tornou tradição (como quase tudo) na Grã-Bretanha.


sábado, 13 de julho de 2013

No Dia Mundial do Rock, uma singela celebração do gênero no cinema


No Dia Mundial do Rock (13 de julho), sugiro o filme "Quase Famosos" (2000), a simpática história de um adolescente de 15 anos que, em 1973, acompanha a turnê de uma banda de rock para escrever um artigo para a revista Rolling Stone. O filme, que oferece uma singela celebração do gênero e de seus protagonistas e fãs, por motivos que desconheço, não chegou a fazer sucesso por aqui.
Embora o rock tenha papel secundário em minha vida, gosto muito do filme, e assisto sempre que tenho oportunidade. Talvez por me identificar com o jovem personagem, meio desajeitado e com os mesmos 15 anos que eu, em 1973, que não mede esforços para escrever uma boa história. É possível.
O fato é que "Quase Famosos" é deliciosamente nostálgico. Fiquei emocionado com a epopeia do garoto, que cruza os EUA na companhia dos integrantes da banda, num verdadeiro rito de passagem da adolescência para a vida adulta. Temas universais como amizade, honestidade, sexo e amor permeiam a história do início ao fim, sempre tratados com muita sensibilidade. No final do filme, acabei envolvido por um inevitável sentimento de nostalgia, tentando resgatar em minha memória as lembranças daqueles já remotos anos dourados do rock ... e da minha vida.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Ignorância, preconceito e tragédia


Lendo a notícia sobre o arquivamento, na Câmara dos Deputados, do projeto que autoriza a "cura gay" no Brasil, lembrei do filme "Orações para Bobby", de 2009, dirigido por Russell Mulcahy (Highlander) e estrelado por Sigourney Weaver (Alien), indicada ao Globo de Ouro e ao Emmy pelo trabalho.
É uma história real, transformada originalmente em livro, que retrata o drama enfrentado por uma família religiosa e praticante, com a revelação de que o filho adolescente Bobby é gay. O filme, também indicado ao Emmy, fez sucesso provavelmente por tratar de um tema cada vez mais comum (ou revelado) na vida das famílias, sejam elas religiosas ou não.
O episódio retratado no filme talvez seja o mais trágico exemplo de como a ignorância e o preconceito podem ser tão destrutivos, até mesmo quando envolvem pessoas que se amam verdadeiramente.



sexta-feira, 14 de junho de 2013

Protestos e exercício da democracia

É triste constatar como autoridades e forças policiais estão tão despreparadas para lidar com situações dessa natureza em nosso país. É óbvio que as manifestações dos últimos dias, como em qualquer lugar do mundo, têm motivações políticas que vão além da questão alegada, no caso, o aumento das tarifas de transportes. Qual é a novidade? O problema é que tudo isso surpreende exatamente aqueles que já deveriam saber lidar com esses protestos. Simplesmente desqualificar o movimento não resolve nada e só acirra os ânimos. As passagens são caras sim, embora não seja possível congelá-las indefinidamente como parecem desejar os manifestantes. Mas o pior é a precariedade do serviço de transporte público em nossas grandes cidades, que privilegia veículos sobre rodas, poluindo as ruas e tratando usuários como gado em ônibus lotados. Só isso (ou tudo isso!) já legitima qualquer movimento que tenha o tema em pauta. Se não tivermos coragem e honestidade suficientes para reconhecer esse quadro, enfrentaremos ainda muitas situações de risco social semelhantes às que temos testemunhado nos últimos dias, principalmente no Rio e em São Paulo. Falamos tanto em democracia, mas o fato é que democracia é um exercício diário que não costuma poupar iniciantes.



terça-feira, 11 de junho de 2013

Os melhores hesitam e os piores agem cheios de convicção



Toda vez que tomo conhecimento de atos de preconceito e intolerância no mundo, o que têm se tornado uma triste banalidade em nossos dias, por quaisquer que sejam as motivações (políticas, religiosas, esportivas, xenófobas, raciais, sexuais etc), lembro de um singelo e comovente trecho do livro "Civilização: uma visão pessoal de Kenneth Clark" (transcrito abaixo), de autoria do brilhante escritor e historiador britânico Sir Kenneth Clark, também responsável pelo roteiro e apresentação de um memorável documentário (homônimo) da BBC sobre o tema. Cabe ressaltar que, ao contrário do que ocorre normalmente nesses casos, o programa televisivo é que inspirou a publicação do livro.

"...creio que a ordem é melhor que o caos, que a criação é melhor que a destruição. Prefiro a gentileza à violência, o perdão à vingança. Acredito que a instrução é preferível à ignorância e tenho certeza de que a simpatia humana é mais valiosa do que a ideologia... sustento ainda uma ou duas crenças mais difíceis de resumir. Por exemplo, eu creio na cortesia, ritual pelo qual evitamos ferir os sentimentos de outras pessoas na satisfação de nossos egos. E creio que não devemos esquecer que fazemos parte de um grande todo a que, por conveniência, chamamos natureza. Todas as coisas vivas são nossos irmãos e irmãs... é a falta de confiança, mais do que outra coisa, que mata a civilização. Também podemos destruir-nos tanto pelo cinismo e pela desilusão quanto pelas bombas. Há cinquenta anos, B. Yeats, que é o homem mais genial que conheci, escreveu o famoso poema profético:

Tudo se esboroa; o centro não resiste;
Está solta pelo mundo a verdadeira anarquia,
Sobe a maré de sangue e, por toda a parte,
Afoga-se o ritual da inocência;
Os melhores perderam toda convicção, e os piores
Estão cheios de apaixonada certeza. "



sexta-feira, 7 de junho de 2013

Amélia e o destino de cada um de nós


Assistindo recentemente ao filme "Amélia" (2009), estrelado por Hilary Swank e Richard Gere, que mostra um pouco da vida de Amélia Earhart, pioneira aviadora americana desaparecida em 1937 quando sobrevoava o Oceano Pacífico, pensei a respeito de uma tragédia infelizmente comum a muitos de nós. 
As obrigações sociais e a compreensível luta diária pelos meios de subsistência costumam transformar muitas vidas num exercício medíocre de sobrevivência e de aceitação, afastando o indivíduo de suas vocações ou inclinações naturais e, o que é pior, do que verdadeiramente o identifica e distingue dos demais. 
A trajetória de Amélia Earhart parece ter sido justamente o contrário de tudo isso, o que acabou lhe custando a vida, mas fico pensando em quantos de nós têm a coragem de tomar as rédeas do próprio destino, como fizeram a aviadora e certamente outros ilustres e anônimos ao longo da história. 


quinta-feira, 30 de maio de 2013

De Hollywood a Viena, por Bruce Broughton


A trilha sonora "From Time to Time", composta por Bruce Broughton para o filme 'Timekeeper', produzido especialmente para exibição nos parques da Disney, é usada aqui como fundo musical para uma pequena montagem reunindo cenas antigas de Hollywood, concluída com a transição de imagens aéreas da capital do cinema para a bela e majestosa Viena dos dias de hoje. 
Broughton sabe como poucos estimular nossa imaginação, levando-nos de volta à infância e a um mundo de fantasia e encantamento que só o cinema é capaz de proporcionar.
A performance, de apenas 2 minutos, é da ORF Radio-Symphony Orchestra, de Viena, conduzida por John Axelrod, e faz parte do "Hollywood in Vienna", evento realizado todos os anos na capital austríaca, destinado a prestigiar os compositores, mortos ou vivos, mais consagrados desta arte tão especial que é a música de filmes.

domingo, 26 de maio de 2013

Os anos dourados de John Williams


No vídeo acima, a Radio-Symphony Orchestra, de Viena, conduzida por John Axelrod, executa (e muito bem) um trecho clássico do score de "Star Wars", obra-prima de John Williams, compositor que me iniciou nesse mundo maravilhoso das trilhas sonoras de filmes. 
A partir de "Star Wars", lançado em 1977, passei a prestar mais atenção nos trabalhos do compositor, que no mesmo ano foi responsável pela música de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", outra belíssima obra que, com o passar dos anos, acabou ofuscada pela sucesso estrondoso obtido pela mítica saga estelar criada por George Lucas. 
Apenas cinco anos mais tarde, em 1982, John Williams comporia outro score inesquecível para "E.T. - O Extraterrestre", de Steven Spielberg. Certamente, aqueles foram os anos dourados da carreira do compositor. 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Mahler reverencia Wagner

"Diante da música de Wagner, só o silêncio é possível"

Soube ontem à noite dessa declaração do compositor Gustav Mahler (1860-1911), assistindo à edição especial do programa Starte, da Globo News, que contou um pouquinho sobre a vida e a obra de Richard Wagner, em homenagem aos 200 anos de nascimento do polêmico compositor alemão. 
É claro que a música de Wagner já inspirou incontáveis afirmações dessa natureza, tamanha a sedução que provocou nos amantes de música de várias gerações, mas essa de Mahler, outro grande mestre, é precisa e realmente brilhante.
O vídeo abaixo oferece um pequeno trecho do prelúdio do 1º ato da ópera "Lohengrin", com a Orquestra Filarmônica de Berlim, sob a regência de Sir Simon Rattle, e dá bem uma ideia do poder inebriante da música de Wagner.


sábado, 18 de maio de 2013

De volta para o passado com Alan Silvestri



"De Volta para o Futuro" está certamente entre os trabalhos mais importantes da carreira de Alan Silvestri, compositor de longa carreira em Hollywood, mas com resultados nem sempre satisfatórios. Os scores para os três filmes dirigidos por Robert Zemeckis nos anos 80 (o último lançado em 1990) representam a fase mais criativa do compositor e, inegavelmente, fazem parte da própria identidade da trilogia. Quem não associa a música aos filmes já nos primeiros acordes?
Silvestri à parte, a verdade é que tenho saudade da década de 80, que representou a consolidação de uma nova época de ouro para as trilhas sonoras orquestrais, iniciada nos anos 70, em especial com os trabalhos de John Williams para "Tubarão", "Guerra nas Estrelas" e "Contatos Imediatos do Terceiro Grau". 
O vídeo apresenta a execução do tema principal de "De Volta para o Futuro" pela ORF Radio-Symphony Oschestra, de Viena, conduzida pelo próprio Alan Silvestri.


sábado, 11 de maio de 2013

Todos os ângulos de Paris

O livro "Au-Dessus de Paris", de Robert Cameron (fotos) e Pierre Salinger (textos), é uma seleção de grandes fotos aéreas de Paris e arredores, que revela a beleza do traçado e da arquitetura da capital francesa. Um verdadeiro must para todos os amantes da cidade luz. Publicado pela primeira vez em 1985, o livro fez sucesso instantâneo e alcançou 7 edições, todas já praticamente esgotadas. No Rio, é preciso ter a sorte de encontrá-lo em algum sebo, onde adquiri o meu exemplar nesta semana, ainda em ótimo estado. 
Já "Paris Doisneau" e "Robert Doisneau", lançados respectivamente pela Cosac Naify e pela Taschen, reúnem centenas de fotos em preto-e-branco do lendário Robert Doisneau, publicadas ao longo de décadas do século passado em revistas famosas como Vogue, Life e Paris Match. Os livros mostram Paris de maneira singular, e por vezes comovente, retratando flagrantes do cotidiano de pessoas comuns em sua relação com o espaço público e a arquitetura da cidade. Trata-se de sofisticadas crônicas visuais, permeadas de lirismo e nostalgia. Imperdíveis!





quinta-feira, 9 de maio de 2013

A crise econômica e a "ressaca" espanhola


Acompanho atentamente os acontecimentos na Espanha desde a primeira visita que fiz ao país, em 1995, para conhecer meus primos de Barcelona. Nesse período, é notório que a Espanha experimentou uma fase de crescimento econômico invejável e sem precedentes em sua história recente. Esse enriquecimento, decorrente, em grande parte, do ingresso do país na União Europeia, em 1986, beneficiou a maioria da população, inclusive os mais pobres, propiciando fortes investimentos sociais (saúde, educação, infraestrutura etc) e uma melhor distribuição da riqueza nacional. Tudo que vi, li e ouvi em todos esses anos me leva a acreditar que a Espanha viveu até 2008, quando foi deflagrada a crise econômica que se estende até hoje, sua verdadeira "Belle Epoque". Foram anos consecutivos de prosperidade que mudaram o perfil do país, aumentando a qualidade de vida da população e atraindo legiões cada vez maiores de imigrantes, na maioria latinos e africanos, em busca de melhores oportunidades. 
Lamentavelmente, o que foi construído com grande esforço e dedicação pelas últimas gerações está sendo ameaçado com a continuidade da crise econômica. Lendo o noticiário, tenho a impressão (que os primos me corrijam se eu estiver errado) de que as atuais lideranças políticas não estão à altura do desafio que a Espanha enfrenta nesses tempos sombrios, o que pode comprometer seriamente seu futuro. Para piorar, o governo, na tentativa de superar a recessão e reduzir o déficit público, vem promovendo a cada ano cortes substanciais também no orçamento da educação, o que provocou a realização, hoje, de uma greve geral do setor em todo o país. 


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Richard Wagner e as contradições do espírito humano


Por mais que eu renegue as ideias sociais e os ideais estéticos de Richard Wagner, expressões claras de uma megalomania patológica e delirante, é impossível resistir ao poder de sedução de sua música. O fato é que a vida e a obra do compositor constituem a mais perfeita síntese das contradições do espírito humano.
Já foi dito/escrito muitas vezes, após a morte de Wagner, que apreciar seu legado musical tornou-se, para muitos, uma verdadeira religião. Exageros à parte, ficamos mesmo inclinados a absolver esse homem de todos os seus pecados ao ouvir, por exemplo, sua música para a ópera "Tristão e Isolda".

domingo, 5 de maio de 2013

Trabalho voluntário, um dos maiores legados da Copa do Mundo



Estamos a pouco mais de 1 mês do início da Copa das Confederações no Brasil (15 de junho), um evento-teste promovido pela FIFA que reúne as seleções nacionais campeãs continentais, realizado no país que sediará a Copa do Mundo no ano seguinte. 
Em função disso, aproximadamente 7 mil brasileiros estão sendo selecionados em todo o país para o trabalho voluntário destinado a receber e orientar turistas e torcedores nacionais e estrangeiros nos aeroportos, nas proximidades dos estádios e nos pontos turísticos tradicionais de cada cidade-sede do evento. Conheci esse trabalho na Alemanha, durante a Copa de 2006, e confesso que fiquei impressionado com a hospitalidade dos jovens voluntários alemães, indicando sempre as melhores opções para os turistas, nas saídas das estações de trem e metrô, na entrada dos estádios etc. Esse contato com pessoas do mundo inteiro é uma atividade nobre que auxilia na formação da cidadania e aproxima os povos e culturas diferentes, além de representar, principalmente para os mais jovens, valorização do currículo e novas oportunidades profissionais. Certamente, este é um dos maiores legados proporcionados por eventos grandiosos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. E espero que o Brasil, que tem um povo reconhecidamente gentil e hospitaleiro, dê um bom exemplo para o mundo.
A propósito, reproduzo abaixo uma mensagem enviada aos amigos brasileiros e alemães, logo após meu retorno ao Brasil, em 2006, na qual me refiro à maneira como fui recebido pelos alemães durante o período de realização da Copa do Mundo no país.

Não posso deixar de registrar os sentimentos que me envolvem neste último dia da Copa. Meus amigos mais próximos conhecem a grande simpatia que tenho pela Alemanha. Apesar de brasileiríssimo, nascido e criado no Rio de Janeiro, desde adolescente me interesso pela Alemanha e tudo o que diz respeito aos germânicos, não só por suas qualidades e potenciais, destacadamente a arte, a cultura e a organização, mas também pelo drama que marcou seguidas gerações, em função do deplorável papel protagonizado pelos nazistas na II Guerra. Mas isso é um outro assunto, que não cabe aqui aprofundar.
Há alguns anos, tive a oportunidade de fazer amizade com dois alemães muito especiais. Armin e Almut vivem em Heidelberg e Stuttgart, respectivamente, e cada um deles, a seu modo, me ajudou a compreender um pouco mais a alma e a mente do povo alemão, embora, em minha opinião, isso seja uma tarefa para uma vida inteira (ou várias!).
Recentemente, por ocasião do início da Copa, estive mais uma vez na Alemanha para visitá-los, e também a Cristina, uma grande amiga brasileira que vive por lá. Em meus passeios pelo país, foi possível perceber claramente o esforço dos alemães para escrever uma nova história de suas relações internas e com o mundo. Em todos os lugares por que passei, das grandes cidades às aldeias da Baviera, sempre fui recebido com carinho e hospitalidade, atitude que reflete uma profunda conscientização do povo, no sentido de resgatar a dívida produzida pelo país no passado. Além disso, foi possível perceber o resgate de símbolos nacionais, até então frequentemente associados a um período sombrio da história alemã. Foi comovente ver crianças e jovens exibirem orgulhosamente as bandeiras da Alemanha em carros, bicicletas e janelas, escrevendo um capítulo novo da história do país, sem o peso da culpa carregada por gerações anteriores. Se cada um de nós tem o direito de errar, se redimir e seguir em frente, por que não uma nação inteira?
Por tudo isso, rendo minhas homenagens à Alemanha, ao seu povo e, particularmente, ao Armin e à Almut, meus grandes amigos, ainda que distantes. Agradeço, principalmente, por ter tido a oportunidade, na companhia de ambos, de testemunhar esse momento histórico para a nação alemã. Estou convicto de que me tornei uma pessoa melhor com essa experiência, e espero estar à altura do desafio de transmitir aos que me cercam as belas lições que o país me proporcionou.