sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Clássico dos clássicos também em alta definição!



Poucos filmes povoaram tanto o imaginário popular no século XX como "E o Vento Levou", agora também disponível em alta definição (blu-ray). Baseado no romance homônimo de Margaret Mitchell, que vendeu, em 1936, mais de 1 milhão de exemplares em apenas 4 meses (um fenômeno de vendas ainda hoje), o filme da MGM, lançado em 1939, retrata a saga de uma rica família de imigrantes irlandeses na Geórgia, no período da guerra civil americana. 
O lendário produtor David O. Selznick não poupou recursos e investiu mais de 5 milhões de dólares, uma verdadeira fortuna para os padrões da época, transformando a produção num evento sem precedentes para a jovem indústria cinematográfica de Hollywood. 
A escolha da inglesa Vivien Leigh para o papel de Scarlett O'Hara, que só ocorreu após o início das fimagens, envolveu uma acirrada disputa, da qual participaram mais de 1400 atrizes, algumas delas já consagradas como Bette Davis, Joan Crawford e Paulette Godard.
Max Steiner, compositor austríaco de sólida formação erudita, responsável pelas músicas de "Casablanca", "King Kong" (1933) e "Nasce Uma Estrela", dentre outras, compôs para "E o Vento Levou" uma trilha sonora verdadeiramente antológica, que se tornaria o mais importante ícone da música para o cinema, em todo o século XX. 
A direção do filme foi creditada a Victor Fleming, mas contou com a participação de pelo menos mais 4 diretores, que não aparecem nos créditos. Do mesmo modo, o roteiro, apesar de oficialmente atribuído apenas a Sidney Howard, teve a colaboração dos escritores F. Scott Fitzgerald e William Faulkner, e da própria autora do romance, Margaret Mitchell.
Embora tenha adquirido o status de clássico, justamente pelos padrões de excelência que estabeleceu na indústria, "E o Vento Levou", como boa parte dos filmes da época de ouro de Hollywood, perdeu um pouco de seu encanto com o passar do tempo. Recheado de clichês já exaustivamente explorados por produções posteriores, o filme não dispõe hoje do mesmo poder de sedução e encantamento que exerceu sobre o público do passado. Inegavelmente, porém, por tudo que representa para a história do cinema, "E o Vento Levou" ocupa lugar de destaque na galeria dos maiores filmes de todos os tempos.  

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Jerry Goldsmith e o clímax no cinema


Já citei Jerry Goldsmith aqui algumas vezes, mas não me canso de destacar a genialidade de um compositor de trilhas sonoras que foi responsável, ao lado de John Williams, por muitos momentos inesquecíveis que o cinema me proporcionou em tantos anos. 
O fato é que Goldsmith, falecido em 2004, dominava como poucos (ou pouquíssimos) a arte de valorizar, com música, os momentos mais dramáticos de uma história, como podemos constatar no vídeo abaixo, que mostra a cena final do filme "Momentos Decisivos" (1986). 
É um belo exemplo da valiosa contribuição da trilha sonora para o enriquecimento da narrativa cinematográfica.


domingo, 16 de dezembro de 2012

"Conta Comigo" - Um filme que já nasceu clássico

Poucos filmes marcaram tanto a minha vida quanto "Conta Comigo" (1986), dirigido por Rob Reiner. É certamente uma das melhores adaptações de obras de Stephen King para o cinema, inclusive na opinião do próprio escritor, conforme relata nos extras do blu-ray.
Em todos esses anos, já assisti ao filme várias vezes, sempre com prazer renovado. Apesar de mostrar a aventura de quatro moleques do interior dos EUA no final da década de 50, o tema tratado é universal e atemporal. Que homem, de qualquer geração, não integrou na infância ou adolescência um grupo daquele, formado basicamente por um mais inteligente, um ingênuo, um valentão, e um mais paternal e responsável? É curioso como, em qualquer cultura, vamos encontrar essa mesma combinação, com leves variações de temperamento e quantidade. 
Realizado com poucos recursos, o filme acabou marcando época. Algumas locações nas cidades de Eugene e Brownsville (Oregon) são conservadas até hoje como atrações turísticas para os fãs da produção. Dos quatro jovens atores protagonistas (Will Wheaton, Corey Feldman, Jerry O' Connel e River Phoenix), o mais talentoso e que parecia ter a carreira mais promissora - River Phoenix - acabou falecendo muito cedo, aos 23 anos, vítima de overdose de drogas. Ironicamente, seu personagem é também o único dos quatro que morre na história, fato revelado numa das cenas mais comoventes do filme, já no final.


sábado, 15 de dezembro de 2012

"O Segredo dos seus Olhos" e o vigor do cinema argentino


É curioso como alguns filmes aparentemente simples têm a capacidade de atingir o patamar de verdadeiras obras de arte.
É o caso de "O Segredo dos Seus Olhos", filme argentino vencedor do Oscar em 2010. É uma produção singular, que percorre gêneros variados (político, suspense, drama, romance etc) sem perder, por um instante sequer, o vigor e a coerência narrativa. Tudo isso para contar uma belíssima história sobre a natureza humana e os sentimentos que nos movem, para o bem ou para o mal, em nossas relações.
Destaco a performance do elenco, em especial do aclamado ator Ricardo Darín, unanimidade na Argentina e no Brasil, e a sentida música de Federico Jusid, que pontua o filme com delicadeza e perfeição. Confiram no vídeo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Shyamalan e J. Newton Howard: uma parceria curiosa


É no mínimo curiosa a química envolvendo a longa parceria do cineasta M. Night Shyamalan ("O Sexto Sentido", "Corpo Fechado", "Sinais", "A Vila", "A Dama na Água", "O Último Mestre do Ar" etc.) com o compositor James Newton Howard. Os piores filmes de Shyamalan renderam os melhores trabalhos de toda a carreira de Howard, como aconteceu com "A Dama na Água" e "O Último Mestre do Ar". É assim que eles se entendem (ou não), fazer o quê?
O vídeo abaixo contém a faixa que encerra o cd de "Último Mestre do Ar", uma síntese do belo score composto por James Newton Howard para o filme.




domingo, 9 de dezembro de 2012

Ludwig II: vida e morte de um rei que virou lenda



Estreia no próximo dia 26 de dezembro, na Alemanha, a superprodução "Ludwig II", sobre um dos personagens mais apaixonantes e controvertidos da história alemã.
Conhecido como o "Rei Louco", Ludwig II teria levado o Reino da Baviera à ruína com a construção de suntuosos castelos e o patrocínio de projetos megalomaníacos de Richard Wagner, incluindo montagens monumentais das óperas do compositor e a edificação de um teatro em Bayreuth destinado exclusivamente à representação de suas obras.
Ludwig II morreu em 13 de junho de 1886, dois meses antes de completar 41 anos, em circunstâncias misteriosas nunca completamente esclarecidas. Seu corpo e o de seu médico particular (Dr. Gudden) foram encontrados já sem vida no Lago Starnberg. A versão oficial de suicídio vem sendo contestada até hoje, considerando a morte do médico no mesmo episódio (um pacto de morte?) e o fato de que o rei nadava muito bem.
O mais famoso rei da Baviera já tinha sido retratado brilhantemente pelo cineasta italiano Luchino Visconti, em produção antológica de 1972, estrelada por Helmut Berger no papel do monarca e Romy Schneider como Elizabeth, prima de Ludwig e futura imperatriz da Áustria. O maior risco (artístico e comercial) para esse novo filme é exatamente sofrer comparações com um clássico do cinema que já tratou do mesmo tema com maestria.
De minha parte, aguardo com grande expectativa a estreia do filme no Brasil, tendo em vista meu profundo interesse por tudo que diga respeito à Alemanha e, em particular, à Baviera, uma região de beleza incomparável e com história peculiar, que sempre esteve do lado errado nas guerras, antes mesmo de integrar o moderno Estado Alemão, formado no final do século XIX.
Assista abaixo ao trailer do filme, com imagens impressionantes em alta definição (site oficial: http://wwws.warnerbros.de/ludwigii/):


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"O Romance do Século"



A crítica arrasou "W.E. - O Romance do Século" (2011), dirigido por Madonna, mas a produção teve pelo menos um grande mérito. Proporcionou a Abel Korzeniowski a oportunidade de compor um dos scores mais bonitos do cinema nos últimos anos.
Por vezes minimalista, lembrando o melhor de Michael Nyman e Philip Glass, o compositor polonês explorou com maestria a atmosfera romântica do filme, cujo roteiro é inspirado no polêmico caso de amor que sacudiu a Inglaterra em 1936, entre Eduardo VIII, sucessor da coroa britânica, e a plebeia americana Wallis Simpson.
Minha amiga Mari Blue, talentosíssima cantora da nova geração, recomenda o cd: - já ouvi mil vezes, é lindo!!
A suíte contida no vídeo acima dá uma boa ideia do belo trabalho de Abel Korzeniowski, que já havia impressionado com sua música para o filme "Direito de Amar", de 2009.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

"Os Três Mosqueteiros" e a infantilização do cinema


Na era dos efeitos especiais digitais, a exuberância visual dos filmes tem se mostrado inversamente proporcional à qualidade dos roteiros, em especial dos diálogos, cada vez mais infantilizados.
É o caso da mais nova versão de "Os Três Mosqueteiros" (2011), que assisti neste fim de semana na NET. Por meio de recursos digitais de última geração, a reconstituição de época oferece imagens belíssimas da Paris do século XVII, proporcionando ao espectador uma encantadora viagem no tempo. Já os diálogos, pobres “de marré deci”, chegam a ser constrangedores pela tentativa malsucedida de fazer graça a toda hora em situações totalmente inverossímeis. 
O fato de ser um filme apenas para divertir, sem maiores pretensões de conteúdo, não justifica tamanho desprezo pelo roteiro.


domingo, 2 de dezembro de 2012

A obra-prima de Victor Young



Acabei de ouvir e não posso deixar de registrar que este cd contém uma rara gravação de uma das mais belas e comoventes partituras escritas para o cinema, em todos os tempos. Se "Shane" (1953) já se tornou um clássico indiscutível, o mesmo podemos dizer a respeito de sua música.
A trilha sonora composta por Victor Young para o filme (que, no Brasil, recebeu o infeliz título de "Os Brutos também Amam") pode figurar, sem favor algum, entre os memoráveis trabalhos, dele e de outros mestres, que contribuíram para conferir a esse gênero musical o status de arte. Ainda hoje, após quase 60 anos do lançamento do filme, uma obra simplesmente irresistível (vídeo abaixo).


Chaplin, Tchaikovsky e Van Gogh

Mais uma obra indispensável chega às livrarias neste fim de ano. "Van Gogh - A Vida" (Companhia das Letras), escrita por Steven Naifeh e Gregory White Smith, após pesquisa inédita e exaustiva a respeito da vida do artista holandês, incluindo mais de 1.000 cartas, já está sendo considerada pelos estudiosos como a mais completa biografia publicada sobre Van Gogh.
Com mais de 1.100 páginas (incluindo um caderno de fotos), o livro revela, em detalhes, a curta história de vida do pintor pós-impressionista, falecido aos 37 anos, abordando aspectos de seu relacionamento com família, amigos, mulheres e religião, e defendendo uma nova tese, no mínimo controvertida, sobre sua morte. Contrariando a versão de suicídio difundida há décadas, os autores afirmam (ou sugerem) que o artista, na verdade, teria sido morto por um adolescente de 16 anos (René Secrétan), com o qual vivia se desentendendo nas ruas.
Certamente, ao lado de "Chaplin - Uma Biografia Definitiva", de David Robinson, que conta a vida do genial cineasta responsável por Carlitos, e de "Piotr Tchaikovsky", extensa biografia escrita por Alexander Poznansky sobre o aclamado compositor russo, "Van Gogh - A Vida" se insere, com louvor, entre os melhores lançamentos do mercado editorial brasileiro nos últimos meses. Para quem aprecia esse tipo de literatura (e/ou os artistas), eis ótimos presentes de Natal.