domingo, 16 de setembro de 2018

A cantata "erótica" de Carl Orff


"Carmina Burana", aclamada cantata (ou oratório) baseada em textos medievais de conotação erótica, é a obra mais popular do compositor alemão Carl Orff (1895-1982). E a fama não é gratuita. A singular combinação dos naipes da orquestra, com destaque para os metais e a percussão, aliada a 3 coros (masculino, feminino e infantil), confere à composição uma sonoridade que chega até a ser hipnótica. 
Em síntese, o que os textos profanos da cantata propõem é uma espécie de parábola sobre o papel da boa ou má "fortuna" (sorte) na vida humana, determinando o destino de cada um de nós.
O fato é que disponho de 6 gravações da obra com orquestras diferentes (uma somente com canções e instrumentos medievais originais), e minha preferida era, até hoje, a de Seiji Ozawa regendo a Orquestra Filarmônica de Berlim. Surpreendentemente, depois de tanto tempo, mudei de ideia ao ouvir agora há pouco a gravação com a Royal Philharmonic Orchestra, de Londres, conduzida por Richard Cooke, que oferece um andamento mais lento e aparentemente mais adequado à obra. O curioso é que não me lembro de já ter acontecido isso comigo. Habitualmente, sou conservador e estabeleço como padrão a performance que ouço pela primeira vez (claro, quando se trata de gravação com orquestra e regente qualificados), em detrimento de qualquer outra ouvida mais tarde. Dessa vez, para minha surpresa, gostei mais da que ouvi hoje, quase 40 anos depois de ouvir a gravação com Seiji Ozawa. Literalmente, vivendo e aprendendo, afinal, sempre é possível ampliar os horizontes (e mudar de ideia!).
Cabe registrar que, em 2006, por ocasião da realização da Copa do Mundo na Alemanha, visitei Andechs, a cidadezinha onde se encontra o mosteiro que conserva o túmulo de Carl Orff, o autor da obra, estreada em 1937. Fica pertinho de Munique e vale uma esticada até lá para conhecer um típico e simpático vilarejo do interior da Baviera, que conta também com uma famosa cervejaria, mantida há séculos por monges de um mosteiro da região. Mas essa é uma outra história.


40 anos da "Varèse" e o mercado de trilhas sonoras no Brasil


Reminiscência...

Em 2003, encomendei no exterior esse cd quádruplo, comemorativo do aniversário de 25 anos da "Varese Sarabande", gravadora americana especializada em trilhas sonoras que dispõe do maior catálogo de obras do gênero.
Lá se foram 15 anos e a gravadora continua firme e forte no mercado, com títulos raros (novos e reeditados), para deleite dos amantes de scores de filmes. 
Infelizmente, embora esteja subordinada, desde fevereiro desse ano, à Universal Music, que atua no Brasil, nenhum título da "Varese" é lançado no mercado nacional há décadas, o que só ocorreu nos anos 80, na verdadeira "época de ouro" desse mercado no país. 
Bons tempos em que eu entrava na Mesbla, na Modern Sound, na Gramophone, na Bilboard, na Moto Discos, na Breno Rossi ou na Gabriela Discos e encontrava uma bancada imensa com LPs de trilhas sonoras de filmes recém-lançados nos cinemas do Rio.