quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O instrumento dos deuses



O "instrumento dos deuses", é assim que vejo (ou ouço) a trompa, um instrumento musical da família dos metais quase tão antigo quanto a civilização, já que sua história começa há milhares de anos com a utilização de chifres de animais. Foi somente a partir do século XIV que o instrumento passou a ser confeccionado com metal, passando por diversas transformações com o passar dos tempos, até chegar à forma que apresenta em nossos dias.
E parece que os compositores de trilhas sonoras, em justa reverência aos deuses e suas preferências, desenvolveram, por gerações, um verdadeiro caso de amor com a trompa, um dos instrumentos mais expressivos da orquestra moderna. O som aveludado produzido pelo conjunto de trompas, que pode ir do doce e melancólico ao solene e grandioso, tem forte presença nos scores de praticamente todos os gêneros cinematográficos, conferindo às narrativas, sejam elas simples ou épicas, uma atmosfera de puro encantamento.
Por isso mesmo, o som da trompa, que alcança uma enorme variedade de timbres, é, de longe, o que mais aprecio numa performance orquestral, e não apenas na execução de músicas de filmes. O instrumento está presente em todas as sinfonias de Beethoven, Brahms e Mahler, compositores pelos quais tenho grande admiração. Richard Wagner, que dispensa apresentações, chegou a criar uma nova trompa (a trompa wagneriana), destinada ao seu ciclo de óperas "O Anel do Nibelungo" (O Ouro do Reno, A Valquíria, Siegfried e Crepúsculo dos Deuses). O instrumento modificado, que combinava elementos tanto da trompa original quanto da tuba, acabou agradando e passou a ser adotado por outros compositores, como Richard Strauss, Igor Stravinsky e Béla Bartók.

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