quinta-feira, 11 de setembro de 2014

"O Peso da Responsabilidade" e a direita envergonhada no Brasil



Em tempos de direita envergonhada no Brasil, que se esquiva covarde e astutamente de se posicionar sobre suas próprias doutrinas, valores e propostas concretas para o país (com poucas exceções, como os casos do radical Jair Bolsonaro e de algumas lideranças religiosas), nada melhor do que ler "O Peso da Responsabilidade" (lançado originalmente em 1998, mas só agora publicado no Brasil), livro escrito pelo brilhante historiador Tony Judt, já falecido, sobre três intelectuais franceses - Albert Camus, Raymond Aron e Léon Blum - que mantiveram publicamente suas convicções, nadando contra a maré comunista (ou marxista) que encantou gerações de intelectuais ao longo do século XX. 
Cabe destacar que já li várias obras do autor e, como ele, sempre tive uma grande simpatia pela social-democracia experimentada em boa parte da Europa no período de pós-guerra, em especial na Escandinávia, na França e na Alemanha. Esse sistema de governo, responsável pela implementação do famoso estado de bem-estar social, proporcionou uma distribuição de renda sem precedentes entre as populações do continente, dentre outros benefícios sociais como saúde, educação e serviços públicos de qualidade. Infelizmente, dizem os especialistas, o bem-estar social que ajudou a formar gerações inteiras de europeus na segunda metade do século XX não tem mais lugar no mundo de hoje, cada vez mais globalizado e competitivo. Tenho minhas dúvidas. 
Esclareço, porém, que não acredito que seja possível construir um país verdadeiramente justo, capaz de oferecer as melhores oportunidades de realização humana, quando o Estado tutela política, social e economicamente seus cidadãos. Portanto, também na esfera da vida privada, entendo que deve haver um equilíbrio entre fomento público e esforço pessoal ou individual. 
Em função de tudo isso, penso que a leitura de "O Peso da Responsabilidade", de Tony Judt, serve, no mínimo, como uma boa e oportuna reflexão sobre alguns temas políticos controversos, às vésperas da realização de novas eleições no Brasil.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A obra-prima de Nino Rota para o cinema



"O Leopardo", filme baseado no romance homônimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, corresponde, possivelmente, à mais bem-sucedida parceria do cineasta Luchino Visconti com o compositor Nino Rota. O clássico do mestre italiano de tantas obras magníficas, tais como "Roco e seus irmãos", "Morte em Veneza" e "Ludwig", teve a sorte de contar com Nino Rota em seu melhor momento no cinema. 
Elaborado em forma de sonata, como uma verdadeira sinfonia, o score composto por Rota para o filme reúne tudo que uma trilha sonora  deve oferecer, e muito mais! Lírica, delicada, elegante, majestosa e, quando necessário, vibrante e impetuosa, essa antológica criação de Nino Rota é perfeita, não devendo absolutamente nada aos grandes scores de toda a história do cinema. Por isso mesmo, e não é pouca coisa, está à altura da obra-prima de Visconti sobre a decadência da aristocracia siciliana em meados do século XIX, durante o processo de formação do moderno estado italiano.  
O link abaixo contém um pequeno trecho da belíssima trilha sonora composta por Nino Rota para o filme.



segunda-feira, 1 de setembro de 2014

"The Classic Film Scores" e os anos de ouro de Hollywood



A série "The Classic Film Scores" reúne trilhas sonoras clássicas de Hollywood, compostas por mestres como Franz Waxman, Erich Wolfgang Korngold, Dimitri Tiomkin, David Raksin, Max Steiner etc.
Lançadas inicialmente em formato de LP, as obras foram transferidas para cd ao longo da década de 1980, sob a supervisão técnica e artística do já falecido maestro e arranjador Charles Gerhardt.
Recentemente, entre 2010 e 2011, a Sony relançou os cds a partir de uma cuidadosa remasterização das gravações, permitindo às novas gerações a oportunidade de desfrutar de obras de indiscutível qualidade artística, combinada com um apuro técnico raro até para as gravações atuais. 
Trata-se de uma coleção primorosa, integrada por scores antológicos de compositores dos anos de ouro do cinema americano, para filmes que também marcaram época (Laura, Crepúsculo dos Deuses, Rebecca, O Príncipe Valente, Horizonte Perdido, O Príncipe e o Mendigo etc). Além disso, os livretos que acompanham as edições contêm uma pequena biografia do compositor e ainda detalhes curiosos das produções.
Por enquanto, só tenho os cds acima, mas pretendo completar a coleção de 13 títulos, infelizmente só disponíveis no exterior.