segunda-feira, 29 de abril de 2013

"Budapeste 1900" - A Belle Epoque da capital húngara


A exemplo de Paris, Budapeste também teve sua "Belle Epoque", embora menos glamorosa e, talvez, mais efêmera do que a experimentada pela capital francesa. Mas assim mesmo repleta de estilo e romantismo, como podemos conferir nesse delicioso livro escrito pelo historiador húngaro John Lukacs. 
Ofuscada pela suntuosa Viena, a então principal capital do império austro-húngaro, a cidade viveria seus melhores momentos na transição dos séculos XIX e XX, mas acabou sofrendo um processo de profunda decadência ao longo das décadas seguintes, que culminou com o severo bombardeio da cidade pelos aliados na II Guerra e a dominação soviética após o conflito. 
Com a adesão da Hungria à União Europeia, em 2004, Budapeste vem, gradualmente, recuperando o brilho e o encantamento de seus anos dourados, e recebe um número crescente de turistas a cada ano.


domingo, 28 de abril de 2013

O testamento intelectual de um dos maiores pensadores do século XX



"O Chalé da Memória", livro autobiográfico de Tony Judt (1948-2010), um dos mais brilhantes historiadores e intelectuais do século XX, foi escrito (ou ditado) ao longo dos dois últimos anos de vida do escritor, logo após descobrir que sofria de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), uma doença degenerativa incurável. Nesse curto período, já tetraplégico e necessitando de respirador artificial, Judt produziu também "O Mal Ronda a Terra" e "Pensando o Século XX", no qual o historiador, impossibilitado de escrever, contou com a colaboração de Timothy Snyder, para quem ditou todo o livro.
Com a consciência do pouco tempo que lhe restava, e limitado pela terrível enfermidade, o autor consumiu literalmente suas últimas energias produzindo esses três obras, verdadeiros testemunhos de sua profícua experiência de vida. 
"O Chalé da Memória" é um depoimento corajoso e comovente a respeito da vida e do desalento provocado pela proximidade da morte. "O Mal Ronda a Terra" oferece uma crítica contundente às desigualdades econômicas no mundo e uma defesa intransigente dos princípios da social-democracia. Já "Pensando o Século XX" é o derradeiro trabalho de Judt, concluído um mês antes de sua morte, em que o escritor se dedica a refletir sobre a história do pensamento e das ideias que moldaram os eventos mais marcantes do século passado. 




segunda-feira, 22 de abril de 2013

"O Morro dos Ventos Uivantes" e a música de Ryuichi Sakamoto


Descobri hoje na NET, desfrutando em casa da véspera do feriado de São Jorge, essa bela trilha sonora composta por Ryuichi Sakamoto para a enésima adaptação de "O Morro dos Ventos Uivantes" (1992), de Emily Brontë, estrelada por Ralph Fiennes e Juliette Binoche.
Seguindo a melhor tradição dos compositores ingleses, afinal, trata-se de um clássico romance inglês, o japonês Sakamoto escreveu um comovente tema principal, pontuado, aqui e ali, por elementos melódicos orientais, tudo em perfeita harmonia com a atmosfera sombria e profundamente dramática da história.
Uma grata surpresa porque eu não conhecia esse trabalho do compositor.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Pino Donaggio e a cena antológica de "Vestida para Matar"



A parceria do compositor italiano Pino Donaggio com o cineasta Brian de Palma rendeu alguns trabalhos memoráveis para o cinema, com destaque para os filmes "Carrie - A Estranha" (1976) e "Vestida para Matar" (1980). 
Em "Vestida para Matar", a cena antológica do flerte no museu, que pode ser conferida no vídeo acima, tem duração de quase 8 minutos, e conta somente com imagens e o score magistral de Pino Donaggio (a partir dos dois minutos e meio), dispensando o uso de diálogos. É uma verdadeira aula de emprego da trilha sonora como recurso dramático. Acompanho cinema há mais de 30 anos e poucas vezes vi/ouvi algo parecido. Lembro-me apenas da inesquecível sequência da perseguição das bicicletas no final de "E.T." (1982), com a música de John Williams.
Como faz muito tempo que não ouço um novo trabalho de Pino Donaggio, espero que ele esteja retornando em grande estilo nessa refilmagem, ainda em produção, de "Patrick", triller australiano de 1978. O gênero é perfeito para propiciar ao compositor mais um belo score orquestral. 


domingo, 14 de abril de 2013

William Shakespeare - oportunista, trapaceiro e chantagista?


Há várias teorias, quase todas já devidamente rebatidas pelos historiadores, segundo as quais Shakespeare não teria sido o verdadeiro autor das obras a ele creditadas. Uma teoria a mais ou a menos, portanto, não faria muita diferença nessa história de especulações que se inicia ainda no século XIX. 
Mas "Anônimo", filme do alemão Roland Emmerich, lançado nos cinemas no ano passado e que só ontem assisti na televisão, ultrapassou os limites do bom senso. Para sustentar a teoria de que o verdadeiro autor das obras atribuídas a Shakespeare foi o conde de Oxford, ou Edward de Vere, o cineasta apresenta o famoso Bardo como um ator medíocre, oportunista, trapaceiro e até mesmo chantagista. Por tudo que já li a respeito, não se tem notícias, até agora, de qualquer estudo que autorize essa versão tresloucada do caráter do dramaturgo.
De qualquer maneira, é preciso admitir que o filme é bem produzido, tem ótimo roteiro e, ironicamente, conta com destacados desempenhos de atores shakespearianos, como Vanessa Redgrave (no papel da rainha Elizabeth), Derek Jacobi e Mark Rylance. Vale como entretenimento, e só!!


domingo, 7 de abril de 2013

"Antes da Meia-Noite" estreia em junho no Brasil


Já foi divulgado o trailer (abaixo) do terceiro filme do diretor Richard Linklater sobre o romance entre Celine (Julie Delpy) e Jesse (Ethan Hawke), protagonistas de "Antes de Amanhecer" (1995) e "Antes do Pôr do Sol" (2004). A produção foi exibida no Festival de Berlim em fevereiro, com boas críticas, e tem estreia prevista para o dia 14 de junho no Brasil.
"Antes do Amanhecer" teve Viena como cenário para o romance. Já Paris foi a cidade em que o casal se reencontrou 9 anos depois, em "Antes do Pôr do Sol". O título do terceiro filme é "Antes da Meia-Noite" e a cidade escolhida para cenário foi Cardamili, na Grécia. Como ocorreu nas duas primeiras produções, o roteiro do terceiro filme foi assinado pelos três, Julie, Ethan e Linklater.
Resta esperar para ver o que foi feito do romance, quase 10 anos depois.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Beethoven: música, literatura e cinema


"Beethoven - A música e a vida" (Ed. Códex), do escritor americano Lewis Lockwood, é considerada a mais completa biografia disponível do compositor alemão. Lockwood, professor de música na Universidade de Harvard, dedicou boa parte da vida a estudar tudo a respeito de Beethoven, e este livro é o resultado de seu imenso esforço para revelar ao mundo o mais abrangente painel da vida e da obra de um dos maiores gênios da humanidade.
Por outro lado, infelizmente, o cinema ainda não ofereceu uma produção à altura da importância do artista para a cultura ocidental.
Os dois filmes mais recentes sobre Beethoven não chegaram nem perto disso. Em "Minha Amada Imortal", de 1994, o diretor inglês Bernard Rose optou por fantasiar a respeito de um suposto romance entre o compositor e sua cunhada, tese já completamente descartada pelos biógrafos do artista. Já a cineasta polonesa Agnieszka Holland, com o seu "O Segredo de Beethoven", de 2006, preferiu abordar os dias (ou semanas) que antecederam a estreia triunfal, em Viena, da 9ª sinfonia do compositor alemão, possivelmente sua obra-prima. Um bom filme, mas é pouco, muito pouco, tratando-se de Ludwig van Beethoven.