segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Mahler e as sinfonias que comportam o mundo



Mahler dizia que "uma sinfonia deve ser como o mundo; precisa conter tudo". De fato, suas sinfonias parecem revelar tudo (ou muito) a respeito do que realmente nos afeta e importa nessa vida. Mas é preciso, no mínimo, bastante perseverança para "decifrá-las". Para compreender, por exemplo, a terceira sinfonia em toda (?) a sua dimensão, precisei ouvi-la várias vezes antes de me dar conta da extensão dos significados contidos na obra, com a qual o compositor explora brilhantemente, e, admito, com alguma retórica, grande parte dos sentimentos que envolvem nossa experiência de vida. Não creio mesmo que haja algo à altura no amplo repertório de sinfonias disponível.
Aliás, estou convencido de que a civilização ocidental não produziu arte mais extraordinária e reveladora do espírito humano do que as sinfonias compostas pelos grandes mestres. Nem mesmo as maiores maravilhas criadas pelo homem no mundo ousaram transmitir com tamanha eloquência nossas contradições e sentimentos mais profundos.