segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Tributo a um ídolo!

 


A dois dias do 10.o aniversário de morte de Félix, o saudoso goleiro do Fluminense e da seleção brasileira tricampeã do mundo em 1970, vale a pena relembrar esse singelo episódio que testemunhei há 12 anos.
Vestido com a camisa do Fluminense na calçada da rua principal da cidade de Heidelberg, na Alemanha, um táxi parou repentinamente ao meu lado. Após sair do carro, o motorista, um senhor humilde de aprox. 60 anos de idade, me abordou indagando em voz baixa, "Fluminense?" Um tanto surpreso, respondi sim, é a camisa do Fluminense. Naquele momento, visivelmente emocionado, o homem começou a falar (em português claudicante) de uma visita que o tricolor carioca fizera à cidade natal dele, a uns 40 quilômetros dali, em meados da década de 70, para jogar um torneio amistoso.
Ele citou Félix, Marco Antônio, Paulo César e Rivellino, dentre outros, e quase chorando retirou da carteira de dinheiro uma foto em que aparecia, ainda rapaz, ao lado do goleiro Félix, a quem ele se referia com mais frequência em nossa conversa. O que mais me surpreendeu é que ele guardava a foto na carteira há mais de 35 anos, talvez esperando indefinidamente por uma oportunidade como aquela.
Sempre muito emocionado e com lágrimas nos olhos, ele disse que guardava com carinho as lembranças daquele episódio da juventude, o que acabou também me comovendo. Em seguida, perguntei se ele já havia visto alguém com a camisa do Fluminense nesse longo período. Ele respondeu que sim, por duas ou três vezes, mas que nunca tinha tido a chance de se aproximar da pessoa. Compreendi então o motivo daquela emoção toda ao falar comigo.
Ao me despedir, perguntei se ele não tinha um cartão que eu pudesse levar como lembrança do encontro, imaginando poder um dia estabelecer um novo contato entre ele e o Félix. Ele me entregou um cartão da empresa de táxi em que trabalhava, onde li o nome Felix Albert (daí, talvez, a maior identificação com o goleiro do Fluminense). Provavelmente, o próprio Félix já nem se lembrava mais do jovem xará com quem conversou (segundo ele, em italiano) naqueles longínquos anos 1970 numa pequena cidade da Alemanha. Mas a foto dele estava lá, carinhosamente guardada na carteira do Sr. Albert há mais de 35 anos.
Quando voltei ao Brasil, tive a oportunidade de fazer contato telefônico com o saudoso Félix contando-lhe sobre o meu encontro com o seu fã e xará alemão. Naturalmente, ele já não se lembrava mais do episódio de tantos anos atrás, mas se mostrou feliz por saber da história envolvendo um fã tão distante.
Lamentavelmente, Félix veio a falecer poucos anos depois. De qualquer maneira, fiquei satisfeito por ainda ter tido a chance de lhe contar essa singela história com seu fã literalmente "de carteirinha" que vivia do outro lado do mundo.


quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Um verão inesquecível!!

Há exatamente 26 anos, eu embarcava para fazer a primeira visita, após mais de 60 anos, de um brasileiro à família espanhola na Forja, pequeno povoado da Galícia onde nasceu minha saudosa avó Evangelina e onde morou meu pai, Pepe, nos primeiros anos de vida.
No ano anterior, eu já havia conhecido em Barcelona os dois filhos de José, primo do meu pai, e os três netos. Agora, a jornada até a bucólica Forxa era para conhecer justamente José e sua esposa Esther, aproveitando para conhecer também a terra da vovó Evangelina, as casas (já em ruínas) onde ela viveu com o vovô José Maria (português) e os filhos, incluindo meu pai e os irmãos.
A visita à Galícia nas férias de verão daquele ano (1996), a convite da prima Elisa, me permitiu desfrutar de duas semanas agradáveis com a família reunida. Tratado com muito carinho por todos, em especial pelo primo José e sua esposa Esther, infelizmente já falecidos, vivi dias inesquecíveis naquele longínquo agosto de 1996. A procissão e a festa de San Benito, a “Feria del Pulpo” (polvo), quando quase todos os restaurantes de Ginzo de Límia (cidade próxima) servem um delicioso polvo cozido, prato típico da região, e principalmente a hospitalidade dos primos e dos novos amigos me motivaram a retornar outras vezes, o que fiz com o maior prazer.
Obviamente, guardo daquelas visitas à Galícia as melhores lembranças, que me acompanharão por toda a vida.
Ao acordar hoje, por algum motivo, lembrei disso e não pude deixar de registrar!