sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O último refúgio


Para minha surpresa e decepção, em recente visita à França, descobri que a "Virgin Megastore" (pelo menos em Paris e em Estrasburgo), especializada em cds/dvds, encerrou as atividades. Nos últimos anos, adquiri nessas lojas muitos cds de trilhas sonoras indisponíveis em nosso moribundo mercado fonográfico. Uma verdadeira lástima!
Agora, restaram em Paris a tradicional FNAC, que mantém um estoque limitado de cds do gênero, e a corajosa e insuperável "Gibert Joseph", especializada em venda de cds, dvds e livros, novos e "de ocasião", com uma generosa oferta de títulos, de todos os estilos, incluindo minha paixão, as trilhas sonoras. Em minhas últimas viagens, encontrei lá verdadeiras raridades, indisponíveis para venda direta até no site americano da "Amazon", como foram os casos, dessa vez, dos cds duplos de "Conan - O Bárbaro" e "Conan - O Destruidor", obras-primas do falecido compositor Basil Poledouris, regravadas recentemente com Orquestra e Coro da Filarmônica da Cidade de Praga. Sem contar o cd duplo com os melhores trabalhos de Georges Delerue (Great Composers), também não disponível no site da gigantesca "Amazon".
Embora também tenha aderido ao mercado virtual, já que mantém um site de vendas, o fato é que a "Gibert Joseph", por dispor de espaçosas instalações físicas em Paris, com uma farta oferta de títulos de cds, dvds e livros, ocupa um lugar cada vez mais especial no coração daqueles que, por motivos diversos, ainda preferem curtir arte e cultura nas tradicionais mídias físicas, adquiridas nas próprias lojas. É o último refúgio desses consumidores, sabe Deus até quando!!

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Félix, um ano de saudade do goleiro do tri



No mês do primeiro aniversário de morte do saudoso Félix, ex-goleiro do Fluminense e da seleção brasileira (1970), publico aqui, pela primeira vez, o relato de um episódio envolvendo o inesquecível ídolo tricolor que testemunhei em visita à cidade de Heidelberg, na Alemanha, em junho de 2010.
Antes, cabe registrar que, felizmente, no final de 2011, tive a oportunidade de transmitir ao próprio Félix (e à filha dele, Patrícia), por telefone e e-mail, esse mesmo relato. Após a passagem de 1 ano da morte do goleiro, falecido em agosto do ano passado, fico satisfeito ao me dar conta de que proporcionei ao Félix a alegria de saber que, passados mais de 30 anos, alguém tão distante ainda se lembrava dele com tanto carinho. E, cá entre nós, isso realmente não tem preço. Que Deus o tenha!

"Vestido com a camisa do Fluminense e aguardando minha sobrinha que fazia compras numa loja da rua principal de Heidelberg, Alemanha, reparei que um táxi se aproximava lentamente de mim. Ao parar ao meu lado, e com algum acanhamento, o motorista (foto), um senhor humilde de aprox. 60 anos, me abordou indagando em voz baixa, "Fluminense?" Um tanto surpreso, respondi sim, é a camisa do Fluminense. Nesse momento, visivelmente emocionado, o homem começou a falar (em português claudicante) de uma visita que o tricolor carioca fez à cidade natal dele, a uns 40 quilômetros dali, para jogar um torneio amistoso, em meados da década de 70. Acreditem, ele citou Félix, Marco Antônio, Paulo César e Rivelino, dentre outros, e quase chorando retirou da carteira de documentos uma foto em que aparecia, ainda rapaz, ao lado do goleiro Félix, a quem ele se referia com mais frequência em nossa conversa. O que mais me surpreendeu é que ele guardava essa foto na carteira há mais de 35 anos, talvez esperando indefinidamente por uma oportunidade em que pudesse mostrá-la a alguém em condições de compreender o significado daquilo.
Sempre muito emocionado, e com lágrimas nos olhos, ele disse que guardava com carinho as lembranças daquele episódio da juventude, o que acabou também me comovendo. Em seguida, perguntei se ele já havia visto alguém com a camisa do Fluminense nesse longo período. Ele respondeu que sim, por algumas vezes, mas que nunca tivera a chance de se aproximar da pessoa. Compreendi então o motivo daquela emoção toda ao falar comigo. Ao me despedir, perguntei se ele não tinha um cartão que eu pudesse levar como lembrança do encontro, imaginando poder um dia estabelecer um novo contato entre ele e o Félix. Ele, então, me entregou um cartão da empresa de táxi em que trabalhava, onde li o nome Felix Albert (daí, talvez, a maior identificação com o goleiro do Fluminense). Provavelmente, o próprio Félix já nem se lembrava mais do jovem xará com quem conversou (segundo ele, em italiano) naqueles longínquos anos 70, numa pequena cidade da Alemanha. Mas a foto dele estava lá, carinhosamente guardada na carteira do Sr. Albert há mais de 35 anos".



Eu e o alemão tricolor