domingo, 5 de maio de 2013

Trabalho voluntário, um dos maiores legados da Copa do Mundo



Estamos a pouco mais de 1 mês do início da Copa das Confederações no Brasil (15 de junho), um evento-teste promovido pela FIFA que reúne as seleções nacionais campeãs continentais, realizado no país que sediará a Copa do Mundo no ano seguinte. 
Em função disso, aproximadamente 7 mil brasileiros estão sendo selecionados em todo o país para o trabalho voluntário destinado a receber e orientar turistas e torcedores nacionais e estrangeiros nos aeroportos, nas proximidades dos estádios e nos pontos turísticos tradicionais de cada cidade-sede do evento. Conheci esse trabalho na Alemanha, durante a Copa de 2006, e confesso que fiquei impressionado com a hospitalidade dos jovens voluntários alemães, indicando sempre as melhores opções para os turistas, nas saídas das estações de trem e metrô, na entrada dos estádios etc. Esse contato com pessoas do mundo inteiro é uma atividade nobre que auxilia na formação da cidadania e aproxima os povos e culturas diferentes, além de representar, principalmente para os mais jovens, valorização do currículo e novas oportunidades profissionais. Certamente, este é um dos maiores legados proporcionados por eventos grandiosos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. E espero que o Brasil, que tem um povo reconhecidamente gentil e hospitaleiro, dê um bom exemplo para o mundo.
A propósito, reproduzo abaixo uma mensagem enviada aos amigos brasileiros e alemães, logo após meu retorno ao Brasil, em 2006, na qual me refiro à maneira como fui recebido pelos alemães durante o período de realização da Copa do Mundo no país.

Não posso deixar de registrar os sentimentos que me envolvem neste último dia da Copa. Meus amigos mais próximos conhecem a grande simpatia que tenho pela Alemanha. Apesar de brasileiríssimo, nascido e criado no Rio de Janeiro, desde adolescente me interesso pela Alemanha e tudo o que diz respeito aos germânicos, não só por suas qualidades e potenciais, destacadamente a arte, a cultura e a organização, mas também pelo drama que marcou seguidas gerações, em função do deplorável papel protagonizado pelos nazistas na II Guerra. Mas isso é um outro assunto, que não cabe aqui aprofundar.
Há alguns anos, tive a oportunidade de fazer amizade com dois alemães muito especiais. Armin e Almut vivem em Heidelberg e Stuttgart, respectivamente, e cada um deles, a seu modo, me ajudou a compreender um pouco mais a alma e a mente do povo alemão, embora, em minha opinião, isso seja uma tarefa para uma vida inteira (ou várias!).
Recentemente, por ocasião do início da Copa, estive mais uma vez na Alemanha para visitá-los, e também a Cristina, uma grande amiga brasileira que vive por lá. Em meus passeios pelo país, foi possível perceber claramente o esforço dos alemães para escrever uma nova história de suas relações internas e com o mundo. Em todos os lugares por que passei, das grandes cidades às aldeias da Baviera, sempre fui recebido com carinho e hospitalidade, atitude que reflete uma profunda conscientização do povo, no sentido de resgatar a dívida produzida pelo país no passado. Além disso, foi possível perceber o resgate de símbolos nacionais, até então frequentemente associados a um período sombrio da história alemã. Foi comovente ver crianças e jovens exibirem orgulhosamente as bandeiras da Alemanha em carros, bicicletas e janelas, escrevendo um capítulo novo da história do país, sem o peso da culpa carregada por gerações anteriores. Se cada um de nós tem o direito de errar, se redimir e seguir em frente, por que não uma nação inteira?
Por tudo isso, rendo minhas homenagens à Alemanha, ao seu povo e, particularmente, ao Armin e à Almut, meus grandes amigos, ainda que distantes. Agradeço, principalmente, por ter tido a oportunidade, na companhia de ambos, de testemunhar esse momento histórico para a nação alemã. Estou convicto de que me tornei uma pessoa melhor com essa experiência, e espero estar à altura do desafio de transmitir aos que me cercam as belas lições que o país me proporcionou.



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