segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Viena e os estertores do império!

De tudo que já li, parece que os acontecimentos da virada do século XIX para o século XX na capital austríaca, período da "Secessão" e da 2a. Escola de Viena (música), rivaliza em importância artística e cultural para o ocidente com a "Belle Époque" de Paris, ocorrida mais ou menos no mesmo período.
O fato é que tenho uma curiosidade especial pela história de Viena, em especial desse período de efervescência artística e cultural, justamente entre o declínio do Império e o surgimento da República.
Poucos países na História Contemporânea passaram por transformações tão profundas em seus valores como a Áustria nos estertores do Império Austro-Húngaro, que acabaria levando à instauração da República após o fim da I Guerra, em 1918.
Particularmente na virada do século, a cidade de Viena seria palco privilegiado de movimentos culturais que influenciariam a arte ocidental por todo o século XX, em especial a chamada "Secessão Vienense", caracterizada pelo rompimento com os ditames da arte tradicional e conservadora, em favor de uma visão mais abrangente e universal das diferentes manifestações artísticas, notadamente a pintura, a escultura e a arquitetura.
Como diz o lema exibido no alto do "Edifício Secessão" (foto), símbolo do movimento em Viena, "para cada época, sua arte. Para cada arte, sua liberdade"!


Alemanha, uma viagem musical!

Cd triplo com a gravação do ciclo completo de concertos para órgão de Handel, obras que figuram entre as mais populares do compositor.
É só começar a ouvir para não parar mais. E pensar que Handel compôs tudo isso apenas para execução nos intervalos de seus célebres oratórios.
Em 2016, estive em Halle, sua cidade natal, depois de visitar Leipzig, onde viveu e se consagrou Bach, outro mestre do barroco, e Bayreuth, cidade que virou sinônimo de Wagner por sediar o teatro construído para a montagem das óperas do compositor.
Foi uma viagem temática por cidades e regiões alemãs onde viveram os maiores mestres da música, responsáveis por obras que atravessam séculos encantando gerações de músicos e diletantes.
Mais tarde, um ano depois, a visita foi a Viena, eterna capital da música e onde nasceram ou viveram outros grandes compositores como Mozart, Beethoven, Brahms, Bruckner, Schubert, Mahler e Johann Strauss (pai e filho).
A "cereja do bolo" na capital austríaca foi assistir a um concerto com a Filarmônica de Viena na tradicional KonzertHaus, a realização de um sonho acalentado desde a juventude.
Lembrar dessas viagens chega a ser "doloroso" com tudo que temos vivido nos últimos anos. Mas é preciso acreditar no futuro e em novas viagens e realizações.


Quando fama e riqueza não bastam!

 

O que leva um homem rico, brilhante e verdadeiramente querido por uma legião de fãs e amigos a tirar a própria vida? O documentário "Robin Williams: Entre na Minha Mente", exibido pela HBO, não tenta explicar isso, mas expõe detalhes reveladores da vida do ator, desde a infância até seu fim trágico (suicídio), em agosto de 2014. O que se sabe é que Williams era alcoólatra, sofria de Parkinson e, pouco antes de morrer, fora diagnosticado com demência.
A mente humana é realmente um grande e indecifrável mistério. Quando tudo parece conspirar a favor, algo pode fugir completamente ao nosso controle, dissolver certezas "inabaláveis" e fazer nosso mundinho ruir como um castelo de cartas. E não há dinheiro ou fama capaz de evitar isso. Só Deus!!
A ironia das ironias é que Robin Williams foi eleito pela revista "Entertainment Weekly", em 1997, "O Homem Vivo Mais Engraçado do Mundo". Em muitos casos, porém, passar o tempo todo fazendo os outros rirem pode ser uma tentativa desesperada de animar o próprio espírito, ou apenas uma fuga quando não se consegue lidar com seus próprios "fantasmas".
Alguns amigos relatam no documentário que ele sofria de baixa autoestima, mas eu suspeito que sua depressão crônica se devia ao fato de ter percebido que fama, sucesso e fortuna não lhe bastavam. Possivelmente deu-se conta logo cedo de que faltava-lhe algo maior, mais profundo e verdadeiro para que sua vida fizesse realmente algum sentido.

'Kullervo", uma sinfonia singular!

"Kullervo", sinfonia para solistas, coro e orquestra de Jean Sibelius (1865-1957), conta a história do destino trágico do guerreiro Kullervo, que, após seduzir uma jovem na floresta, se desespera ao saber que se tratava da própria irmã desaparecida desde criança.
A belíssima obra, concluída quando Sibelius tinha apenas 26 anos, foi recebida com entusiasmo em sua estreia em Helsinque, conferindo fama e prestígio ao jovem compositor com seu primeiro trabalho para vozes e grande orquestra.
Kullervo é uma obra singular. Infelizmente, por sua complexidade de execução (solistas, coro e orquestra), raramente integra os programas de concerto.
Embora o tratamento orquestral dado a Kullervo esteja aquém daquele que Sibelius revelaria nas obras da maturidade, o compositor, aos 26 anos, já demonstrava um enorme talento e surpreendente originalidade.
Essa gravação de 1992 com o (então) jovem finlandês Esa-Pekka Salonen à frente da Filarmônica de Los Angeles é ainda hoje considerada uma das melhores já realizadas da obra.


Zweig e Carpeaux, dois "refugiados" ilustres no Brasil

 

A exemplo de seu conterrâneo e contemporâneo Stefan Zweig (também de origem judaica), Otto Maria Carpeaux (1900-1978) deixou sua Áustria natal com a ascensão do nazismo na Europa, se estabelecendo no Brasil.
Do mesmo modo que Zweig, Carpeaux, com sua cultura universal e humanista, autor de uma extensa e antológica História da Literatura Ocidental em 10 volumes, se tornou um dos maiores intelectuais e pensadores de nosso país no século XX.
Esse livro, que comprei agora na livraria Leitura do Centro, relata os anos de formação do jovem Carpeaux numa Áustria em plena efervescência política e cultural, testemunhando os "estertores" do longevo império Austro-Húngaro e o nascimento da República.

São Paulo, uma síntese do Brasil!

Esse livro da coleção da Folha (Coleção Folha - Fotos Antigas do Brasil) revela a trajetória de crescimento de uma cidade que começou como uma pequena vila há pouco mais de 160 anos e se tornou, ao longo do tempo, na maior metrópole brasileira.
Abrigando imigrantes de todas as origens e etnias, São Paulo é a cidade que melhor traduz o processo de formação da diversidade do povo brasileiro. Sua história se confunde com a própria história do desenvolvimento do país.
O curioso é como São Paulo e Rio de Janeiro se complementam em suas características e potencialidades. Bairrismos à parte, são duas belas faces de uma mesma e rica moeda.
A despeito dos problemas que enfrentam, são as cidades brasileiras que refletem com maior fidelidade nossas riquezas e mazelas.