terça-feira, 31 de agosto de 2021

Afeganistão, uma terra "indomável"!

 

Esse livro da premiada escritora russa Svetlana Aleksiévitch, Nobel de Literatura de 2015, contém relatos comoventes de sobreviventes, inclusive afegãos, da guerra soviética-afegã ocorrida entre 1979 e 1989.
Publicado em 1991, apenas 2 anos após o fim do conflito, o livro provocou controvérsia na Rússia por seu testemunho honesto sobre a realidade da guerra e a vulnerabilidade do país numa operação originalmente destinada à "manutenção da paz".
O título "Meninos de Zinco" é uma referência às legiões de jovens soldados mortos e enviados para casa em caixões de zinco.
Uma leitura indispensável para compreender o contexto em que se deu a ocupação norte-americana no Afeganistão por 20 anos e os últimos acontecimentos relativos à retirada das tropas ocidentais do país asiático.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Carl Nielsen, uma revelação!

 

O compositor dinamarquês Carl Nielsen adquiriu fama mundial por sua música instrumental, em especial as 6 sinfonias, mas Nielsen é conhecido (e reverenciado) em seu país também por suas belas canções compostas para solistas e coro, obras baseadas em antigas tradições dinamarquesas que se tornaram parte da identidade cultural do país, assim como o próprio compositor.
Patrocinado pela Biblioteca Real da Dinamarca, esse cd (The Unknown Carl Nielsen) oferece justamente a primeira gravação de 26 dessas canções, que evocam a "alma" e a cultura do povo dinamarquês, todas traduzidas para o inglês.
O título do cd naturalmente se refere ao repertório de Nielsen pouco executado fora da Dinamarca. É uma pena!

Nos tempos de um estadista!

 

Com D. Pedro, conquistamos a independência de Portugal, mas foi com seu filho, D. Pedro II, que o Brasil viveria seus melhores dias no período do império, incluindo o fim "oficial", ainda que tardio e "incipiente", da escravatura.
Grande líder político, humanista e defensor das ciências e das artes, D. Pedro II se revelou um verdadeiro estadista, respeitado por artistas, intelectuais e cientistas do mundo inteiro.
Ele viajou por quase toda a Europa, falava 17 idiomas e, estudioso, tinha interesse por todas as áreas de conhecimento. Fez uso dessa erudição em benefício do país, criando instituições públicas que prestam até hoje inestimáveis serviços à nação.
Reconhecido pelo exemplo de liderança e legado humanitário, viveu os últimos anos exilado em Paris, onde faleceu e teve um funeral com merecidas honras de Chefe de Estado.
Espero que essa nova novela da Globo, que retrata justamente o período de reinado de D. Pedro II, revele para as novas gerações ao menos uma fração, ainda que pequena, da enorme contribuição do imperador, certamente o maior (ou talvez único) estadista que esse país já conheceu.
Vale dizer que não tenho a menor simpatia por monarquias, um anacronismo que persiste no mundo, embora reconheça o papel de reis e rainhas na sustentação de algumas monarquias modernas.
Na verdade, sou republicano até a alma. Entendo que todos devam ser iguais perante a lei, ou a Constituição, um compromisso inarredável de qualquer sociedade que se considere verdadeiramente democrática no nosso tempo.

Um Oscar para melhor orquestração!

 

O segredo por trás de algumas das mais belas trilhas sonoras compostas por Danny Elfman está em Steve Bartek, orquestrador dos scores de "Batman" (1 e 2), "Edward, Mãos de Tesoura", "Homem-Aranha" (1 e 2) e muitos outros.
Confesso que às vezes não sei onde termina a inspiração de Elfman e começa a arte de Bartek, talvez o mais brilhante orquestrador de Hollywood nas últimas décadas.
Steve Bartek foi guitarrista da banda de rock californiana "Oingo Boingo", de onde saiu também Elfman antes de se dedicar definitivamente aos scores de filmes.
Com seus pares, certamente Bartek desfruta do merecido reconhecimento, mas penso que ainda falta aos produtores e à Academia de Cinema de Hollywood conferir aos orquestradores o devido destaque na promoção dos filmes e das trilhas sonoras. Nesse sentido, a inclusão da categoria de "melhor orquestrador" na entrega anual do Oscar já seria uma boa e justa medida.
Depois de ouvir scores de filmes por mais de 4 décadas, estou convencido de que alguns desses profissionais podem e devem ser considerados como coautores de trilhas sonoras antológicas da história do cinema.

Saudade...

 


Saudade dos tempos do jornal impresso...
Adquiri o hábito de leitura de jornal ainda criança com meu pai e só o abandonei há poucos anos, aderindo de vez à internet. Mas posso garantir aos mais novos que a notícia "instantânea" na telinha do celular não oferece o mesmo prazer da surpresa ao abrir o jornal buscando "novidades" em cada página, em cada seção.
Nas viagens que fiz sozinho na Europa, a compra do El País" espanhol era obrigatória nas estações de trem. Um companheiro indispensável para percorrer grandes distâncias, alternando belas paisagens pela janela com ótimos artigos de um dos melhores jornais do mundo. Lembro até de alguns artigos de opinião sobre imigração no continente e política interna na Espanha e na Europa.
Hoje em dia, com os sites jornalísticos e a "banalização" (para o bem e para o mal) da notícia na internet, tudo isso virou passado e pura nostalgia.

Lembranças da Floresta

 

O recente incêndio no Parque Nacional da Tijuca me lembrou de uns passeios que eu costumava fazer na Floresta da Tijuca, sempre às segundas-feiras, no final dos anos 1970.
Um amigo de infância tinha folga no trabalho justamente nesse dia. Quando fazia tempo bom, ele me chamava para passear na estradinha que dava acesso à Floresta no Alto da Boa Vista. Confesso que não me lembro muito bem sobre o que conversávamos nas longas caminhadas em meio àquelas árvores e vegetação centenárias. Como éramos muito jovens (em torno de 20 anos), certamente o assunto recorrente eram os planos para o futuro. Ele já empregado e eu, embora cursando Jornalismo, ainda indeciso sobre o que queria e deveria fazer, um sentimento que, preciso admitir, me acompanhou por boa parte da vida.
Depois que me mudei para Vila Isabel, em 1981, só o vi 2 ou 3 vezes, e nunca mais visitei a Floresta da Tijuca. Lá se vão mais de 40 anos.
Soube mais tarde que ele se casou, teve filhos e se mudou para o interior de Minas Gerais, onde deve viver até hoje.
Espero que o amigo tenha realizado seus sonhos de infância e juventude. Da minha parte, não tenho do que me queixar. Sem fazer muitos planos, deixei a vida me levar, e reconheço que o destino acabou sendo muito generoso comigo.

Um filme mudou a minha vida!

 

Quando assisti a esse filme em Speyer, na Alemanha, em agosto de 1998, decidi que deveria dedicar o resto da vida à realização dos meus sonhos mais verdadeiros.
Lembro perfeitamente que, ainda no cinema, fui dominado por uma inquietação em relação à vida que levava, limitado a um trabalho, um endereço, uma cidade e um país, quando meu espírito ansiava por novas descobertas e emoções. Uma ideia de pertencimento ao mundo e não apenas a um lugar ou a uma cultura, ampliando horizontes e atravessando fronteiras físicas e limites pessoais em busca de algo maior e mais transcendental. Um verdadeiro despertar do espírito!
Depois de 23 anos e já aposentado, percebo que ainda falta muito para realizar plenamente tudo que sonhei naquele instante mágico e revelador, mas foi ali que plantei a semente que me levaria a dedicar o resto da vida a viajar, viajar e viajar...
Não vi tudo nesse mundo, muito longe disso, mas agradeço a Deus pelo que aprendi e por todas as experiências que vivi nesses anos todos, o que certamente me tornou uma pessoa mais feliz e realizada.

Brasil, Espanha e uma família reunida!

 

Tive o privilégio e a honra de ter sido o único brasileiro de minha geração na família a conhecer pessoalmente José (primo de meu pai) e a esposa Esther, da Galícia.
Meu pai, meus tios e minhas tias eram crianças ou muito jovens quando partiram da Espanha para o Brasil no início dos anos 1930.
Somente minhas tias Carmen, Áurea e Clélia, já no final da vida e bem idosas, ainda mantinham lembranças vívidas da infância na Galícia. A única imagem que meu pai guardava na memória dos tempos de Espanha era da neve batendo na janela. Pudera, veio para o Brasil com apenas 4 ou 5 anos.
Conheci José e Esther, já falecidos, quando visitei os primos em férias na Galícia. Fui lá 4 vezes, a última em 2003. Sempre recebido com carinho e hospitalidade, guardo boas lembranças daqueles dias na Forja com a família reunida. Quase todos vivem em Barcelona, mas costumam passar o verão na Galícia, uma tradição familiar que atravessa gerações.
Ali passei dias agradáveis conhecendo melhor a história da família e até as casas, já em ruínas, onde meu pai morou. Desde então, mantenho contato regular com os primos, o que restabeleceu relações familiares praticamente suspensas por mais de 6 décadas.
Saber que fui o maior responsável por isso, com a providencial ajuda das lembranças de minha saudosa tia Aurinha, é também um motivo de orgulho pra mim.