quinta-feira, 28 de maio de 2015

Bruckner e a última gravação de Karajan



O cd acima contém a 7ª sinfonia de Bruckner com a Orquestra Filarmônica de Viena, última gravação do polêmico Herbert von Karajan, realizada três meses antes de morrer, em abril de 1989. Curiosamente, o resultado é a antítese de tudo que o maestro professou ao longo da extensa carreira. Se Karajan sempre se caracterizou pela busca incessante da perfeição nas performances das orquestras que dirigiu, aqui, já aos 81 anos e bastante enfermo, deixou de lado essa obsessão pelos detalhes e deixou correr uma execução por vezes irregular, mas permeada de sensibilidade e, por que não dizer, humanidade. Será que o grande mestre austríaco precisou envelhecer e flertar com a morte para descobrir a verdadeira natureza humana, repleta de beleza, mas também de imperfeições?
Cabe destacar que o adágio da sinfonia (vídeo abaixo), escrito sob forte emoção e tristeza, por conta da morte de Wagner, ídolo maior de Bruckner, é uma das mais belas passagens do sinfonismo, não só germânico, mas de toda a música ocidental.

sábado, 23 de maio de 2015

Heidelberg, 20 anos depois!



Hoje, dia 23 de maio, faz exatamente 20 anos que fui a Heidelberg (Alemanha) pela primeira vez. A visita não estava programada em meu roteiro original da viagem (a primeira ao exterior), mas acabei indo lá a convite da Cristina, que se tornaria, ao longo dos anos, uma das minhas maiores amigas. 
Hospedado em Stuttgart, na casa da Almut, outra amiga da Alemanha, concordei em adiar meu retorno à casa da minha amiga brasileira Tânia, em Lisboa, justamente para visitar Cristina e seu companheiro Armin (que eu ainda não conhecia), com quem ela se casaria no mês seguinte. 
Cheguei em Heidelberg numa ensolarada manhã de primavera e aproveitamos o belo dia para passear. Fiquei encantado com tudo que vi e principalmente com a atmosfera que dominava cada cantinho da cidade, sede da mais antiga universidade alemã (1386) e, por isso mesmo, frequentada por jovens universitários das mais diversas origens e culturas. Castelo, pequenas livrarias, sebos com raridades (cds, dvds e livros) e bares/restaurantes/cervejarias centenários contribuíam para conferir a Heidelberg um charme que eu ainda não havia testemunhado em qualquer outra cidade visitada até então na Europa. 
O fato é que após 8 viagens a Heidelberg continuo amando tudo por lá. A cada visita é uma nova emoção, desfrutando de caminhadas por ruas com casarios centenários que mais parecem pequenos castelos, incursões por sebos repletos de "novidades" e lojinhas de antiguidades, e passeios em bondes coloridos e pontuais, dentre outras atrações típicas da cidade. Tudo isso na companhia de amigos com os quais já cruzei boa parte da Alemanha, da França, da Suíça e da Áustria, de carro e de trem, descobrindo aldeias históricas, cidades milenares e culturas distintas. 
É claro que a hospitalidade dos amigos Armin e Cristina, renovada a cada visita, torna tudo isso muito mais fácil, natural e prazeroso. Agradeço, portanto, aos dois pela gentileza, carinho e atenção com que me recebem a cada visita e por tudo de bom que essas experiências vêm representando pra mim nesses 20 anos. E que venham mais 20 anos, se Deus quiser!


sexta-feira, 1 de maio de 2015

20 anos depois



Na próxima segunda-feira, "troncho" de saudade, farei questão de celebrar o aniversário de 20 anos da minha primeira viagem ao exterior. E não poderia ser diferente, considerando tudo que vivi naquela que foi, certamente, a maior aventura da minha vida. É bem verdade que não tive muitas, mas aquela, pelo menos pra mim, valeu por uma vida inteira.
Tudo começou na noite do dia 4 de maio de 1995 (uma 5ª feira), exatamente às 18:35. Voando VARIG, iniciei a viagem com destino a Lisboa tomado por uma enorme expectativa (e receio) em relação aos momentos inéditos que viveria nas quatro semanas seguintes, com mochila nas costas, atravessando, de trem, cinco países. Após a estada por alguns dias em Lisboa, hospedado na casa de uma amiga brasileira que ainda vive por lá, visitei, em sequência, Espanha, França, Alemanha e Áustria, enfrentando dificuldades crescentes com idiomas que eu estava longe de dominar (muito pelo contrário!). Dentre os contratempos, o maior deles foi, sem dúvida, a busca por hospedagem em Paris, pois ao chegar na cidade descobri que a reserva feita por telefone não havia sido registrada. Ou seja, eu estava pela primeira vez na mítica capital francesa, cidade dos sonhos de nove entre dez brasileiros, pronto para desfrutar de suas incomparáveis atrações, mas sem ter onde dormir por três noites, até o embarque para Stuttgart, na Alemanha. Ressalte-se que era uma época em que a internet apenas engatinhava e não permitia o planejamento detalhado de viagens, como é possível fazer hoje. Para alguém que mal tinha saído do Rio até então, uma verdadeira epopeia que acabou me proporcionando a autoconfiança necessária para enfrentar novos desafios no futuro.
Desde então, em meus frequentes deslocamentos por terras alheias, longe de casa, da família e dos amigos, venho colecionando experiências fantásticas, as quais, de alguma forma, moldam a minha maneira de ser, de encarar o mundo e, por extensão, minha própria vida.
Em função disso, peço a Deus para que eu permaneça, por muito tempo ainda, tendo a oportunidade de conhecer pessoas e lugares diferentes e de viver novas emoções. Mas, acima de tudo, que ele me proporcione o desejo inabalável de continuar fazendo tudo isso, porque sem vontade ou tesão não dá nem para sair da cama todo dia, muito menos atravessar fronteiras e realizar sonhos.