sábado, 2 de novembro de 2013

Regras para espionagem?



Brasil e Alemanha se uniram na ONU para aprovar regras para espionagem. Os discursos foram ótimos e as medidas propostas obtiveram o apoio da maioria dos países, mas dificilmente tornarão o mundo menos sujeito às bisbilhotices dos mais poderosos. 
Na verdade, o maior problema que eu vejo nessa questão da espionagem praticada pela agência de segurança americana (NSA), que alcança indiscriminadamente inimigos e aliados, é a própria divulgação do fato. Todos os governos sabem (ou deveriam saber) que isso sempre existiu, e não são ingênuos (ou não deveriam ser) a ponto de achar que vai acabar. Vamos ser honestos, os que não espionam não o fazem por falta de meios ou por incompetência, quase nunca por princípio.
Mas admito que a divulgação da prática, principalmente quando envolve aliados, cria uma situação embaraçosa para ambas as partes, já que revela falta de confiança entre os países. Para o cidadão comum, isso é inaceitável. Portanto, é louvável e legítima a iniciativa conjunta de Brasil e Alemanha, "vítimas" da NSA, no sentido de criar medidas que tentem coibir os excessos, o que representa uma espécie de satisfação para o público interno. Porém, como não acredito (há bastante tempo) em Papai Noel, nem em coelhinho da Páscoa, considero praticamente nulas as chances de ocorrer qualquer mudança significativa na prática de espionagem no mundo. Quem pode espionar vai continuar a fazê-lo, a despeito de tudo e de todos. 
Por fim, embora devamos aspirar sempre a um mundo melhor, mais transparente e menos cínico, e trabalhar efetivamente por isso, não é possível alimentar ilusões a respeito desse assunto. 



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