sábado, 25 de fevereiro de 2017

Beethoven e os quartetos de cordas definitivos



Nenhuma "verdade" composta por Beethoven até os "últimos quartetos de cordas", incluindo seus celebrados concertos e sinfonias, se aproxima da beleza crua, original e sem concessões oferecida pelo compositor com essas obras. Sabe-se lá quantos artistas em séculos da arte ocidental chegaram a deixar um legado tão pessoal, sincero e até visceral para as gerações futuras como Beethoven e seus cinco últimos quartetos.
Vivo comentando, em tom de brincadeira, sobre a garimpagem de cds que faço nos sebos do Rio, onde costumo encontrar belas e raras obras clássicas por preços módicos, mas o caso desse cd triplo é realmente digno de registro. Já tinha ouvido outros quartetos de cordas de vários compositores, incluindo de Haydn, o criador do gênero, mas esses 5 últimos concertos de Beethoven, sem exagero, me fizeram rever conceitos arraigados que eu tinha em relação a esse tipo de composição e da própria música. Nada que eu tenha ouvido antes se compara a essas obras, um verdadeiro testamento artístico do compositor. Não tenho dúvida em afirmar que seus quartetos tardios figuram entre as expressões mais elevadas e eloquentes do espírito humano.
Eu, que sempre cultuei a memória de Beethoven, ressalte-se, muito mais o homem e suas contradições do que o próprio artista e sua obra, rendo-me definitivamente à sua genialidade musical, em particular pelo quarteto de cordas de número 131, uma obra que deveria constar da seleção de músicas reunidas pela NASA para lançar ao espaço como símbolos mais representativos do que de melhor produziu nossa civilização.