sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

O que você faria?

Às vésperas do lançamento de seu mais recente romance, que conta com grande publicidade e promete revolucionar o mercado editorial, um escritor é convidado pelo próprio editor para acompanhá-lo numa recepção na casa de uma celebridade (ator) do cinema. Imaginando ser uma boa oportunidade para promover o livro, ele concorda com o convite, sem saber que o anfitrião era justamente o ator cuja atuação num determinado filme o personagem principal de seu livro critica acidamente.
Durante o evento, o escritor senta-se próximo do ator boa parte do tempo, sendo "obrigado", portanto, a conversar e trocar gentilezas com aquele que tratou como "fraude" em seu livro. A obra ainda não havia sido publicada e, claro, a celebridade não fazia ideia dos comentários negativos a seu respeito contidos no romance prestes a se tornar um "best-seller".
Constrangido, o escritor passa o tempo inteiro, ele próprio, se sentindo uma fraude por estar ali prestigiando um ator tão criticado pelo protagonista de seu livro.
Dias depois, e com a obra já publicada, por meio de carta, o escritor informa ao editor (amigo do ator) que não compartilha da mesma opinião do seu "personagem", solicitando a ele que transmita a mensagem e seu pedido de desculpas ao ator.
O escritor era J. D. Salinger; o ator, Laurence Olivier, e o livro era aquele que se tornaria um dos maiores clássicos da literatura norte-americana no século XX: O Apanhador no Campo de Centeio.


Um romance atemporal!

 

Acabei de ler, talvez com um atraso de 50 anos, "O Apanhador no Campo de Centeio", romance de J. D. Salinger que fez a cabeça de gerações de jovens americanos desde que foi publicado a primeira vez (em capítulos) na década de 1940.
É possível reconhecer no tédio e nas agruras do protagonista, o jovem Holden Caulfield, as dúvidas e as inquietações típicas dos jovens de qualquer geração, mas, aos 64 anos, confesso que há muito tempo já as troquei por outras, não necessariamente menores ou maiores.
Mas é um bom romance, que certamente tem maior impacto em leitores jovens como o próprio Caulfield.
Por isso, recomendo não aos filhos, mas aos netos dos amigos!

Uma lição de vida!

"Só quando somos tão velhos temos consciência da beleza da vida" - Alice Herz Sommer.
"The Lady in Number 6" é um belíssimo documentário, ganhador do Oscar de 2014, sobre a pianista Alice Herz Sommer, então com 109 anos, a mais longeva sobrevivente do Holocausto no ano da produção (2013).
Sua extraordinária história de vida, permeada de otimismo e resignação (sem ressentimento) é uma verdadeira lição para qualquer um de nós.
Infelizmente, ela faleceu meses depois das filmagens, já com 110 anos e uma semana antes da cerimônia de premiação do Oscar, mas seu legado de arte, beleza e amor à vida permanece para as novas gerações.