terça-feira, 11 de junho de 2013

Os melhores hesitam e os piores agem cheios de convicção



Toda vez que tomo conhecimento de atos de preconceito e intolerância no mundo, o que têm se tornado uma triste banalidade em nossos dias, por quaisquer que sejam as motivações (políticas, religiosas, esportivas, xenófobas, raciais, sexuais etc), lembro de um singelo e comovente trecho do livro "Civilização: uma visão pessoal de Kenneth Clark" (transcrito abaixo), de autoria do brilhante escritor e historiador britânico Sir Kenneth Clark, também responsável pelo roteiro e apresentação de um memorável documentário (homônimo) da BBC sobre o tema. Cabe ressaltar que, ao contrário do que ocorre normalmente nesses casos, o programa televisivo é que inspirou a publicação do livro.

"...creio que a ordem é melhor que o caos, que a criação é melhor que a destruição. Prefiro a gentileza à violência, o perdão à vingança. Acredito que a instrução é preferível à ignorância e tenho certeza de que a simpatia humana é mais valiosa do que a ideologia... sustento ainda uma ou duas crenças mais difíceis de resumir. Por exemplo, eu creio na cortesia, ritual pelo qual evitamos ferir os sentimentos de outras pessoas na satisfação de nossos egos. E creio que não devemos esquecer que fazemos parte de um grande todo a que, por conveniência, chamamos natureza. Todas as coisas vivas são nossos irmãos e irmãs... é a falta de confiança, mais do que outra coisa, que mata a civilização. Também podemos destruir-nos tanto pelo cinismo e pela desilusão quanto pelas bombas. Há cinquenta anos, B. Yeats, que é o homem mais genial que conheci, escreveu o famoso poema profético:

Tudo se esboroa; o centro não resiste;
Está solta pelo mundo a verdadeira anarquia,
Sobe a maré de sangue e, por toda a parte,
Afoga-se o ritual da inocência;
Os melhores perderam toda convicção, e os piores
Estão cheios de apaixonada certeza. "



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