domingo, 15 de setembro de 2013

Dormindo no estábulo



Se não fosse Dona Erika, a simpática senhora que aparece na porta da casa, teríamos dormido nós quatro (meu amigo, a esposa, eu e uma amiga) nas montanhas austríacas, ao relento e sujeitos a chuva e frio. Explico melhor. É que meu amigo Armin, que de alemão só tem a cara e a nacionalidade, quase nunca reserva hotéis com antecedência em nossos passeios. Ele acha que de carro tudo fica mais fácil, bastando perguntar aqui e ali para encontrar um abrigo. Acontece que nem sempre funciona assim. No Lago Constança (Alemanha), em 2011, quase tivemos que dormir no carro, já que os hotéis/pousadas locais estavam todos lotados, por conta das férias de verão. 
Dessa vez, por volta das 6 horas da tarde, passeando pelos alpes austríacos, nos demos conta de que ainda não tínhamos local definido para pernoitar. Em cada aldeia visitada, perguntávamos aos moradores se conheciam algum hotel ou pousada nas redondezas. A resposta era quase sempre negativa, apesar da atenção e da cordialidade dos aldeões, solidários com nosso problema. 
Até que em Nenzing, uma típica aldeia dos alpes austríacos, nosso amigo alemão se lembrou de que já tinha se hospedado ali, em um de seus costumeiros passeios com bicicleta pelas montanhas. Procuramos por algum tempo, entrando e saindo várias vezes das mesmas ruas, e, quando já estávamos pessimistas e imaginando dormir num estábulo qualquer, ele finalmente encontrou a casa de "Dona Erika", que, por sorte e graça de Deus, dispunha de dois quartos naquela noite. Foi um alívio geral. Retiramos nossas malas do carro, ocupamos os respectivos aposentos, tomamos um banho revigorante e fomos jantar num restaurante do camping local, onde comemos um prato típico. Em seguida, é claro, nos recolhemos porque ninguém é de ferro.
No dia seguinte, Dona Erika nos serviu gentilmente o café da manhã. Solitária, ela disse que estava com o marido muito doente, e aproveitou a oportunidade para nos mostrar, com evidente entusiasmo, os quadros que havia pintado nos últimos anos. Finalmente, ainda teve tempo para fazer queixa dos vienenses, segundo ela, metidos e preconceituosos com os austríacos do interior. 
Logo depois, nos despedimos de Dona Erika, essa que aparece na foto, desejando-lhe felicidades e pronto restabelecimento para o seu companheiro. Que Deus os abençoe!

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