segunda-feira, 7 de maio de 2018

Perdi o trem

Meu amigo João Cantiber, músico de carteirinha, vive se referindo a mim como "maestro", até para me apresentar a outros amigos. Uma gentileza em alusão ao meu "amor" pela música. Mas acho que há mesmo alguma "verdade" nisso. Não sou maestro, claro, até porque nunca estudei ou "pratiquei" música, mas a paixão que tenho pela música orquestral me faz concluir que, se não sou maestro, deveria ter sido! 
Dizem que vocação é chamamento; é algo para o qual nascemos e nos sentimos impelidos a buscar, a seguir, a explorar, custe o que custar. Depois de uma vida inteira ouvindo música "obsessivamente" quase todos os dias, só agora estou convencido de que minha verdadeira vocação é e sempre foi a música orquestral. Não como intérprete, tocando um instrumento, porque esse nunca foi o meu desejo, mas regendo as obras na tentativa de dar vida e voz ao pensamento musical do compositor. Essa é a minha paixão e também, agora eu sei, minha grande frustração na vida. Não dei ouvidos ao chamamento, à vocação, e hoje, beirando a terceira idade, por comodismo ou mesmo covardia, vejo que desprezei tudo isso. Enfim, o trem passou e deixei de embarcar para aquela que deveria ser a maior e melhor viagem da minha vida.


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