quinta-feira, 14 de março de 2024

Todo o dinheiro do mundo!

 

Assistindo, agora há pouco (e novamente), ao episódio de "Mundo Visto de Cima" que mostra Lyon e o TGV (Train à Grande Vitesse), trem francês de alta velocidade, lembrei-me da chegada à estação de Lyon no dia 15 de maio de 1995 (uma segunda-feira), por volta das 6 da manhã, após uma viagem noturna desde Barcelona, atravessando os Pirineus, cordilheira que serve de fronteira natural entre Espanha e França.
Fazia uma manhã muito fria e a expectativa era grande para viajar no famoso TGV francês. O embarque era às 7h e a chegada a Paris estava prevista para as 9h. O passe de trem (Europass), comprado ainda no Brasil, dava direito a um assento na primeira classe, com a condição de que eu fizesse a devida reserva de lugar ainda na estação, o que providenciei imediatamente.
Em seguida, no subsolo da estação, tomei um café bem forte e comprei o "El País", jornal espanhol que conheci durante a estada em Barcelona. Já na plataforma e vestido com vários casacos, mas ainda assim quase morrendo de frio, aguardei ansiosamente pelo TGV, ao lado de dezenas de executivos acompanhados de suas vistosas pastas (não era tempo de notebooks e muito menos de smartphones).
Uns dez minutos antes das 7, o trem se aproximou da estação. Fui um dos primeiros a embarcar e procurei logo o assento reservado. Depois de colocar a mala no compartimento superior, finalmente me acomodei e relaxei. Em questão de minutos o vagão estava lotado. Todos, a maioria homens, impecavelmente vestidos e só eu ali (que eu me lembre) de calça jeans, tênis e mochila. O trem partiu na hora certa e, com uma sensação de "peixe fora d'água" (ou penetra), segui viagem, logo me distraindo com a bela paisagem francesa e a leitura do "El País".
Mas não demorou muito para eu me sentir dominado por um sentimento misto de ansiedade por conhecer a mítica Paris dali a duas horas e o receio de chegar a um país sem conhecer nada do idioma. Até então eu só tinha visitado Portugal e Espanha. O resto da viagem, que incluía França, Alemanha e Áustria, prometia muitas emoções e percalços por conta da comunicação, mas a sorte já estava lançada. E bota sorte nisso!!
Enfim, foi o início de um período de descobertas e novas emoções. Aquela viagem mudou a minha vida, enriqueceu a minha vida, deu sentido à minha vida...
Por isso, agradeço a Deus todos os dias pela inspiração e coragem (também saúde e recursos) para superar o medo e viabilizar aquela mágica (e pioneira) viagem, em 1995.
Por fim, todos nós temos momentos em nossas vidas que adoraríamos reviver. No meu caso, a maioria deles faz parte das viagens. Para reviver esse, em particular, entre a chegada a Lyon e o embarque no famoso TGV para a primeira visita a Paris, pagaria todo o dinheiro do mundo!

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