terça-feira, 26 de março de 2024

Eu queria ser Carlos Kleiber!

Apontado numa eleição promovida pela BBC, há alguns anos, como o melhor maestro de todos os tempos, Carlos Kleiber foi filho de pai austríaco e mãe americana. Viveu toda a infância e juventude na Argentina, mas acabou conquistando o mundo com uma carreira peculiar e brilhante.
Se Leonard Bernstein, com a paixão com que conduzia os concertos, representava a mais bela e comovente relação do artista com a música, Kleiber, por sua invejável independência, era o símbolo perfeito do homem que só se submetia às próprias preferências e convicções. Ele nunca assinou contrato de exclusividade com gravadora e jamais aceitou assumir o cargo de regente titular em qualquer orquestra, atuando apenas como maestro convidado. Chegou a dizer não até para a mítica Filarmônica de Berlim. Além disso, conduziu e gravou poucas obras, somente aquelas que efetivamente admirava, em especial algumas sinfonias de Beethoven e de Brahms e as óperas "O Franco Atirador", de Carl Maria von Weber, "O Cavaleiro da Rosa", de Richard Strauss, e "Tristão e Isolda", de Richard Wagner.
Como se isso não bastasse, em quase 50 anos de carreira, concedeu uma única entrevista, desprezando o poder da mídia na promoção do seu trabalho. O que mais seria necessário para transformar Carlos Kleiber em lenda?
Por tudo isso, ou algo mais que desconheço, tenho verdadeira obsessão por saber tudo sobre a vida desse grande e controverso maestro. Admiro, em particular, a maneira com que conduziu a carreira e lidou com a música. Com escolhas incomuns, na "contramão" do que fizeram os grandes regentes do passado, acabou se transformando, por meios "tortuosos", no "produto" que renegou a vida inteira.
Mas, segundo um crítico inglês, "por trás da adoração (ou aclamação) universal, Kleiber era uma figura trágica que, no final das contas, e a despeito de sua genialidade, não conseguiu cumprir seu próprio destino".
E assim (ou por isso) mesmo se tornou lenda!


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