sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Arte e Ideologia


Recentemente, assisti ao lendário OLYMPIA, documentário dos Jogos Olímpicos de Berlim, de 1936, realizado por Leni Riefenstahl (de O TRIUNFO DA VONTADE), a cineasta de Hitler. Deixando de lado o deplorável aspecto ideológico da obra, já que se trata também de peça de propaganda nazista, não podemos negar a excelência artística e técnica do filme, principalmente se considerarmos os limitados recursos disponíveis na época da produção. 
Com apurado senso estético, a cineasta explora a plasticidade dos movimentos dos atletas, com tomadas de câmera e edição de imagens inovadoras, transformando algumas competições em verdadeiros espetáculos de poesia e dança. A melhor passagem do filme é quando Jesse Owens, atleta negro americano, derrota o alemão Lutz Long, no salto em distância. Uma autêntica bofetada em Hitler, em pleno estádio olímpico de Berlim lotado. 
O fato é que, após 76 anos, o documentário ainda impressiona, a despeito de funcionar também como eficaz e magistral obra de propaganda do III Reich.
Afinal, em que medida uma obra artística adquire vida e qualidade próprias, independentemente do caráter ou da ideologia do autor?


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