sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Maldade tem limite?

O livro "Apoiando Hitler - Consentimento e Coerção na Alemanha Nazista", de Robert Gellately (Editora Record - 2011), descreve a participação da sociedade alemã na perpetração dos crimes hediondos cometidos pelos nazistas na II Guerra. Apesar de já ter lido bastante sobre o assunto, confesso que fiquei impressionado com os relatos de envolvimento das pessoas comuns, por ação, omissão ou covardia, no processo de legitimização do regime. E realmente fica difícil acreditar que apenas a maldade humana seja capaz de explicar tudo o que ocorreu naquele período. 
Como curiosidade, e para mostrar a que ponto chegaram a estupidez e a insanidade naqueles tempos sombrios, segue a transcrição de um comentário de Hitler (extraído do próprio livro), dirigido a Albert Speer, ministro do Armamento do III Reich, em reunião realizada em março de 1945 para discutir os rumos da guerra no front interno, com o avanço das tropas aliadas: 

- se a guerra for perdida, o povo também estará perdido. Não é necessário se preocupar com o que o povo alemão precisará para a sobrevivência mínima. Pelo contrário, é melhor destruirmos até mesmo essas coisas. Porque a nação terá mostrado ser a mais fraca, e o futuro pertence somente à nação mais forte do leste. De todo modo, apenas aqueles que são inferiores permanecerão após essa luta, porque os bons já terão sido mortos. 

Como os amigos mais próximos sabem, visitei a Alemanha várias vezes nos últimos 15 anos. Devo testemunhar que, em meus passeios e conversas com amigos e conhecidos que vivem por lá, deu para perceber os contínuos esforços da novas gerações no sentido de resgatar a gigantesca dívida histórica do país, que se refletem, principalmente, na extensa produção artística e cultural sobre o tema (filmes, documentários de tv, debates, livros, peças teatrais, museus, monumentos etc.). E como já disse em outras oportunidades, se cada um de nós tem o direito de errar, se redimir e seguir em frente, por que não uma nação inteira?


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