terça-feira, 10 de maio de 2022

Um réquiem para os vivos!

Já tenho cinco excelentes gravações do monumental Réquiem de Brahms. Acabo de comprar a sexta (foto), uma versão mais contida e menos "teatral" do que a maioria disponível, superando, para muitos críticos, outras gravações com grandes orquestras e regentes.
O fato é que o réquiem de Brahms não me comove tanto como os dos franceses Fauré e Duruflé, mas se destaca entre as composições do gênero justamente por uma singularidade. É o único que eu conheço que se destina a consolar os enlutados, aqueles que ficaram, e não a homenagear os mortos ou os que partiram. Para Brahms, a morte representa muito mais o descanso eterno para os que se foram do que dor e sofrimento para os que perdem seus entes queridos.
Não creio que seja tão simples assim, mas respeito as convicções religiosas do compositor, cuja vida fora marcada por perdas de familiares e amigos íntimos, dentre eles, a própria mãe, segundo estudiosos, evento inspirador da obra, e o compositor Robert Schumann, amigo insuperável até a morte.
Com 27 anos, Brahms já havia composto boa parte da obra, embora ainda sob a forma de uma cantata fúnebre. Mas o réquiem completo estreou poucos anos depois.
Sabemos que no século XIX as pessoas não viviam tanto quanto hoje. O próprio compositor morreu com 64 anos, considerado bastante idoso para a época.
Fico me perguntando como, naquele tempo, um jovem de 27 anos encarava a perspectiva da morte com ainda tão pouca experiência de vida. E esse réquiem, em particular, reflete, além de maturidade precoce, uma profunda espiritualidade por parte do compositor.


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