terça-feira, 10 de maio de 2022

E nunca mais se encontraram...

Em dezembro de 1790, Haydn e Mozart, que viviam em Viena, foram contratados por Johann Peter Salomon, um empresário alemão radicado na Inglaterra, para comporem e regerem com exclusividade para ele. Mas ambos precisariam se transferir para Londres por um ano. Haydn iria primeiro, enquanto Mozart seguiria no ano seguinte, após o retorno do amigo e mentor.
Depois de tudo acertado, na noite de despedida de Haydn, em 15 de dezembro, os três jantaram juntos. Durante o jantar, Mozart teria comentado com Haydn que ele não aguentaria por muito tempo e que voltaria logo, "pois não é mais jovem", ao que retrucou Haydn, "mas eu ainda sou robusto e gozo de boa saúde".
Segundo A. C. Dies, um dos biógrafos de Haydn, em entrevista concedida anos mais tarde, o velho compositor afirmara que Mozart, ao despedir-se dele na porta da carruagem que o levaria a Londres, teria dito com lágrimas nos olhos:
- receio, meu Papa (como se dirigia habitualmente a Haydn), que esta seja a última vez que nos vemos!
Haydn, muito mais velho (58) que Mozart (35), imaginou que seu pupilo estaria se referindo à idade avançada dele e à exaustiva viagem que faria até Londres, cruzando boa parte do continente.
Qualquer que tenha sido a motivação de Mozart para o comentário premonitório, o fato é que Haydn sobreviveria a ele por mais 18 anos. Àquela altura, ninguém poderia mesmo imaginar que Mozart, com 35 anos e bem mais jovem, teria apenas mais um ano de vida.
E realmente nunca mais se encontraram.


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