terça-feira, 10 de maio de 2022

Saudade de uma cidade e de um tempo que não vivi!

 


A leitura de "Metrópole à Beira-Mar - O Rio Moderno dos Anos 20", de Ruy Castro, flui naturalmente em forma de uma rica e extensa crônica sobre a efervescência artística e cultural de um Rio de Janeiro ainda otimista e confiante no futuro. A modernidade europeia do início do século XX, com seus desafios e contradições, encontrava aqui terreno fértil para se instalar e se reproduzir.
Mas não durou muito. A partir dos anos 1930, a capital federal nunca mais foi a mesma, a despeito do rápido "espasmo" ocorrido no final dos anos 1950, com a visão "empreendedora" de JK, que se refletiu em todos os ramos de atividades, criando no imaginário de uma geração inteira de cariocas e brasileiros a visão de um Brasil próspero e moderno que o tempo infelizmente não "avalizou".
Voltando ao livro, o fato é que nunca mais o povo carioca teve tantos motivos para acreditar no futuro como nos anos 1920. A leitura é indispensável para quem deseja conhecer a História de uma cidade que já foi a legítima capital política, artística e cultural desse país. Uma cidade que se vê hoje tomada pela criminalidade em todos os níveis, pela desigualdade/insensibilidade social e por uma profunda crise econômica que se estende há décadas e que parece não ter fim.
Por último, vale dizer, trata-se de um livro precioso e fundamental para o registro da História não só do Rio, mas do próprio país. O volume de informações reunidas sobre o cotidiano da capital federal, com suas ricas manifestações populares e visitas de monarcas e de grandes artistas e personalidades estrangeiras, algo que nunca mais se repetiu na cidade, deve ser inédito numa obra do gênero. Se eu fosse professor, usaria o livro em sala de aula para estimular em cada criança e jovem carioca o amor pelo Rio de Janeiro e o desejo de trabalhar para vê-lo de novo política, econômica, artística e culturalmente pujante, como a geração de nossos avós pôde testemunhar naqueles longínquos anos 1920!

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