terça-feira, 10 de maio de 2022

Karajan ou Karajan?

 



Eu já tenho um cd da sétima sinfonia de Bruckner com Karajan à frente da lendária Filarmônica de Viena, a última gravação realizada pelo regente meses antes de falecer, em 1989.
Provavelmente abdicando da busca pela perfeição que caracterizou sua longa carreira, Karajan, já doente, dedicou ao seu derradeiro trabalho uma performance menos contida (ou controlada), oferecendo uma liberdade maior à orquestra na execução da obra.
Encontrei ontem na Arquivo Musical LTDA (Travessa do Ouvidor, 8/202) uma outra gravação, realizada em 1971, de Karajan regendo a mesma obra com a não menos lendária Filarmônica de Berlim, num período em que o maestro, ainda no auge da carreira, buscava impor aos músicos uma performance tecnicamente impecável, mas desprovida de sentimento ou "profundidade", distante, talvez, das reais intenções do compositor.
Qual o melhor Karajan conduzindo Bruckner? O gênio da busca incessante pela perfeição ou o homem do final da vida já convencido de que a perfeição definitivamente não se encontra entre as virtudes humanas?
A perfeição pode até não ser desse mundo, mas ainda acho que o esforço pelo melhor resultado é mais virtuoso do que a indolência, a indiferença ou o desinteresse. E ouvindo Bruckner com a Filarmônica de Berlim, conduzida por Karajan perto da perfeição, o sentimento é de que tudo ainda vale (muito) a pena nessa vida!!

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