terça-feira, 10 de maio de 2022

Solidariedade seletiva

Com o prolongamento desse conflito na Ucrânia, não posso deixar de lembrar dos barcos no Mediterrâneo repletos de refugiados africanos impedidos, nos últimos anos, de se aproximarem dos portos europeus por medo da "disseminação" da pobreza no continente ou mesmo por racismo.
Agora, milhões de refugiados procedentes da vizinha Ucrânia, não tão pobres e majoritariamente caucasianos, são recebidos com comovente (sem ironia) hospitalidade pelos europeus habitualmente tão refratários a "estranhos".
Eu acho ótimo que a Europa Ocidental se disponha a receber ucranianos despojados de suas casas e de seu próprio país nesse momento tão difícil, mas o contraste com a maneira como os refugiados africanos e asiáticos são tratados em suas fronteiras nos leva a refletir sobre a flagrante "solidariedade seletiva" praticada no continente.
Naturalmente, é mais fácil a empatia com os semelhantes, mas o desafio de cada um de nós é justamente acolher aqueles que nos parecem mais distantes e "estranhos".


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