sexta-feira, 28 de maio de 2021

Uma jornada inesquecível!


Há exatos 5 anos, eu embarcava de volta ao Brasil, depois de realizar uma das viagens mais reveladoras e "educativas" de todas as que fiz até hoje.
Pela primeira vez eu visitei o leste da Alemanha, justamente o território do país que integrou a extinta Alemanha Oriental, reunindo novas impressões sobre uma nação em franco processo de reconstrução, após mais de 70 anos do final da II Guerra. Conheci várias cidades que ainda exibiam marcas profundas do período em que pertenceram ao bloco socialista. Além das perdas humanas com o conflito, não só em vidas, mas também em traumas familiares que atravessam gerações, os prejuízos materiais e patrimoniais permaneciam mais visíveis no leste.
Em Naumburg, localizada a uns 40km de Leipzig (e que lembra muito Liubliana, capital da Eslovênia), foi possível perceber perfeitamente as diferenças econômicas e culturais que ainda persistiam após quase três décadas da reunificação do país. Encontrei muitos prédios de arquitetura padronizada e carentes de reforma em vários pontos da cidade, embora as ruas, de maneira geral, fossem limpas e as pessoas gentis e atenciosas, como é comum em toda a Alemanha. O "atraso" era perceptível também na pouca infraestrutura de TI disponível nos estabelecimentos comerciais. Não havia internet no bom restaurante onde jantei, e cartão de crédito com chip, nem pensar!
O dia em Leipzig foi quase todo dedicado ao grande mestre Bach. É uma cidade de forte tradição musical. Lá nasceu Richard Wagner e viveram Mendelssohn e Johann Sebastian Bach. Visitei a igreja de St. Thomas, em cujo órgão Bach tocou diversas vezes; o Museu Bach, que reúne instrumentos e partituras originais do compositor; e a sede da tradicionalíssima "Gewandhausorchester", fundada em 1743, onde comprei um cd com obras gravadas pelo coro de meninos "Thomanerchor", criado em 1212! Muito interessante também foi a visita à gigantesca estação de trem da cidade, a maior da Alemanha!
A visita seguinte foi a Halle, cidade natal de Handel, outro mestre da música barroca.
A exemplo de Leipzig e de tantas outras cidades alemães, Halle é cheia de contrastes, reunindo belas construções históricas com edifícios modernos de estilo pra lá de duvidoso. Era o esperado para uma cidade do leste, uma região que ainda tenta encontrar seu novo destino.
No último dia da viagem, visitei Dresden, a chamada "Florença do Elba", cidade alemã que concentra as mais belas e imponentes edificações barrocas do país. Uma visita à cidade representa uma viagem no tempo, considerando a quantidade e o tamanho dos prédios locais em estilo barroco. Esse contraste com a arquitetura moderna das novas construções acaba sendo mais impressionante do que no resto do país, impregnando a atmosfera local de um acentuado sentimento de nostalgia.
A visita ao leste da Alemanha era a experiência que faltava para compreender o país em sua dimensão mais ampla, considerando aspectos econômicos, históricos e culturais.
É uma região de características peculiares por tratar-se de uma parte da Alemanha ainda fortemente influenciada por hábitos e costumes herdados do passado socialista. Apesar da substancial ajuda financeira do oeste rico, ainda há muito o que fazer por lá. Recuperação de cidades e sítios históricos, qualificação de jovens para o mercado de trabalho e adoção de uma mentalidade voltada para o crescimento econômico e a realização pessoal são as medidas prioritárias do novo projeto de integração nacional. Certamente, levará décadas (ou gerações) para que os resultados sejam alcançados de maneira consistente e sustentável.

Uma longa jornada

A viagem de 2016 encerrou um ciclo que durou mais de 20 anos. Foram várias viagens desde 1995, reunindo impressões sobre arte, cultura, gastronomia, política, comportamento (e também preconceitos!).
Nessa longa jornada, aprendi muito sobre os alemães e, principalmente, sobre nós mesmos, brasileiros.
Assim como qualquer ser humano, os países têm qualidades e imperfeições. E não há povos melhores nem piores. Tudo é uma questão de pontos de vista e de identificação ou preferências.

A propósito de viagens...

Se eu tivesse que revelar a um jovem uma única lição entre todas as que aprendi em minha vida, aquela que considero a mais importante e gratificante, eu diria: viaje, viaje muito, o máximo que puder! Porque nem a leitura de um milhão de livros pode ensinar tanto sobre a vida, sobre o mundo e sobre si mesmo quanto as viagens que você puder fazer.



2 comentários:

  1. Assim que esta pandemia for embora seguirei à risca o seu conselho. Aliás, a viagem à Alemanha, onde temos amigos, como você bem sabe, está entre as prioridades internacionais. Abração, parabéns pela volta do blog.

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  2. Obrigado pelo incentivo, meu amigo. Quanto à Alemanha, posso lhe garantir que será uma viagem inesquecível!

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