domingo, 30 de maio de 2021

Herói de mim mesmo!!



Rio-Madrid, sábado, 30 de maio de 2015!
Exatamente há 6 anos, eu embarcava com destino à capital espanhola para desfrutar daquela que se tornaria uma das mais memoráveis viagens que fiz desde 1995 até hoje.
Eu já tinha estado em Madrid, mas sempre por poucos dias (2 ou 3), em visitas aos primos na Galícia e em Barcelona. Dessa vez, porém, a ideia era explorar a capital do país por mais tempo, aproveitando a oportunidade para conhecer cidades históricas próximas. Uma amiga que me acompanharia desistiu da viagem por motivo de doença na família, mas mantive a programação original, o que me proporcionou uma das experiências mais extraordinárias de toda a minha vida.
Foram quase duas semanas frequentando sebos, livrarias, lojas de cds/dvds, museus (Prado, Reina Sofia, Thyssen-Bornemisza, Real Academia de Belas-Artes e Joaquin Sorolla) e um sem-número de atrações da cidade. Sem contar os pratos típicos em restaurantes tradicionais, a visita diária e obrigatória ao Mercado de San Miguel para a "sobremesa" (salada de frutas e sucos naturais) e o "bate-volta" para Toledo, Ávila, Monastério de El Escorial e Segóvia.
Em Madrid, você anda por "quilômetros" e a cada esquina há algo interessante para apreciar. Quando não é um prédio antigo preservado ou uma rua estreita de estilo medieval, é uma loja diferente com um tipo de negócio que, a princípio, não combina com o lugar. É verdadeiramente uma grande capital europeia, repleta de história e de atrativos culturais.
O curioso é o negócio de livros na cidade, incluindo os incontáveis sebos que vendem de tudo! Eles mantêm a tradição, como em Paris, de preservar as livrarias "temáticas". Tem lojas de livros de artes em geral, de Direito, de autores de esquerda (eu vi!), e até infantis, sem contar os sebos espalhados pelo centro. Típico de uma cidade europeia que respira cultura.
Madrid, é claro, tem problemas típicos de uma grande capital. Sujeira, trânsito difícil, pedintes etc. Ocorre que o madrilenho ainda não padece da sensação de insegurança (mais do que a efetiva insegurança) que temos no Rio. Quase sempre eu retornava ao hotel por volta da meia-noite e ficava impressionado com a grande quantidade de pessoas, incluindo famílias inteiras com crianças, ainda nas ruas. Bem diferente do Rio e da maioria das capitais brasileiras.
Uma das coisas que mais aprecio em viagens é poder flanar (andar ociosamente e sem destino) por uma cidade desconhecida, encontrando em cada rua, em cada esquina, algo que me surpreenda ou estimule, sem me dar conta do tempo e da distância. É justamente o que encontro em Madrid. Pode ser uma construção de arquitetura singular, uma taberna com ares medievais (onde eu costumava fazer o "desayuno" por apenas 1 euro e meio!), uma singela moradia com crianças brincando na calçada, um sebo de artigos raros e esquecidos pelo tempo, ou mesmo uma pequena livraria familiar daquelas que foram desaparecendo com o surgimento das megastores e seus indefectíveis best-sellers. Simplesmente, um raro prazer que a rotina e a mesmice nos roubam a cada dia.
Esses são alguns dos motivos pelos quais amo Madrid mais do que qualquer outra capital estrangeira que conheci em minhas viagens, e foram muitas!
Por tudo isso, aguardando o embarque no trem para Ávila e tomado por uma profunda e rara sensação de felicidade, pensei:
- Estou me sentindo como o herói de mim mesmo. Aconteça o que acontecer na minha vida, e não importa o que os outros pensem, é assim que pretendo me sentir até o fim dos meus dias!
Dá para esquecer uma viagem dessa?







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