quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O amigo do gênio

Beethoven, sempre sincero e muitas vezes até grosseiro, não era capaz de bajular ninguém, nem mesmo as altas figuras da corte. Há o registro de um episódio em que teria se negado a curvar-se a um nobre. Ficou famoso também o seguinte comentário atribuído a ele e dirigido a um príncipe: 
- Príncipe, o que és, és acidentalmente por nascimento; o que sou, sou por mim mesmo. Príncipes existem e existirão aos milhares, Beethoven há apenas um!
Justamente por isso, quando Beethoven era gentil, não havia dúvida de sua sinceridade no tratamento. 
A bela "Canção Elegíaca", opus 118, é uma obra singela composta em memória à esposa do barão Pasqualati, um grande amigo de Beethoven e seu senhorio por muitos anos, que mantinha o apartamento livre e disponível mesmo quando o compositor se ausentava por longos períodos. Numa deferência ao amigo, a estreia da obra foi realizada na casa do barão, num dos aniversários de morte da esposa, que faleceu muito jovem.
O próprio barão Pasqualati, por gratidão, apoiou Beethoven pelo resto da vida, garantindo-lhe uma determinada quantia para o sustento nas épocas de "vacas magras".
Beethoven, com sua maneira rude de lidar com os que o cercavam, não fez muitos amigos em sua nem tão longa vida (57 anos). Entre os poucos que puderam contar com sua amizade, certamente se encontrava o famoso barão Pasqualati, cuja casa em Viena (Pasqualatihaus) é visita obrigatória para os fãs do compositor. Lá, Beethoven criou várias de suas obras-primas, incluindo algumas sinfonias, concertos para piano e primeiros esboços de "Fidélio", sua única ópera.



Nenhum comentário:

Postar um comentário