domingo, 23 de março de 2014

"Cidade das Artes" e o jogo dos incontáveis erros



Estive ontem, pela primeira vez, na "Cidade das Artes", um dos mais novos elefantes brancos do Rio de Janeiro, obra faraônica do período de César Maia na prefeitura da cidade, que custou em torno de 600 milhões de reais!
Convidado por uma amiga, fui lá para assistir ao concerto de abertura do "15xÁustria", evento promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro, em parceria com a Embaixada da Áustria, com as participações da OSB, conduzida pelo maestro titular Roberto Minczuk, e do convidado especial Rainer Honeck, primeiro violinista da Orquestra Filarmônica de Viena. 
Sob o ponto de vista artístico, o programa, que incluiu o concerto para violino de Beethoven e a 1ª sinfonia de Brahms, foi excelente. Gostei bastante da performance da OSB, que parece melhorar a cada ano, e da acústica do local, embora eu não seja especialista nessa área. 
Quanto às instalações da complexo "Cidade das Artes", fiquei profundamente decepcionado com o que vi. Tudo ali parece o jogo, não dos 7, mas dos incontáveis erros. Logo ao chegar nas imediações do local, tivemos dificuldade para encontrar a entrada do estacionamento, tamanha a precariedade da sinalização. Já no interior da "Cidade", também muito mal sinalizado, enfrentamos um calor insuportável enquanto aguardávamos na fila para entrar na sala de concertos. Como o evento era promocional e a entrada livre em todos os setores (à exceção da plateia, reservada para os convidados mais ilustres), escolhemos assistir ao concerto do camarote, em frente ao palco. Péssima ideia! As cadeiras são apertadíssimas e o espaço para as pernas é insuficiente. Para que alguém passe, você precisa se levantar, caso contrário, nada feito! O elevador, embora tenha capacidade para algo em torno de 15 pessoas, estava levando apenas 6, segundo o funcionário da manutenção, por medida de segurança. O pior é o banheiro. Num complexo gigantesco como aquele, no qual podem circular mais de mil pessoas num único evento (só a "Grande Sala", local destinado aos principais concertos, tem 1800 lugares!), há apenas dois mictórios e duas cabines. E só vi um banheiro no andar dos camarotes. Certamente por causa disso, presenciei lá uma cena rara - fila em banheiro masculino. Enfim, há muito mais equívocos naquilo tudo, mas a lista é extensa e cansativa.
Finalmente, devo dizer que não consegui encontrar qualquer justificativa para a aplicação de 600 milhões de reais na construção daquelas instalações. Nada ali parece indicar isso, mas essa matéria é complexa (ou nebulosa) e requer uma apreciação mais criteriosa dos especialistas. 


2 comentários:

  1. Erros é um eufemismo..ROUBO seria o substantivo mais apropriado para descrever esses absurdos....qq um sem formção em engenharia ou logísitca fica de boca aberta ao ver tamanha quantidade de ofensas contra inteligência e às artes!!! Com esse dinheiro daria para por exemplo construir e equipar de salas de música toda rede estadual e municipal d ensino, contratrar professores de teatro, dança a música....e vale lembrar até hoje os Tribunais de contas e o Mp do Rio nos devem explicações de como foi gasto esse valor astronômico e o porquê esse valor superfaturado foi aprovado e liberado!!! NETTO

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  2. Caro Netto, você tem razão. A verdadeira fortuna gasta ali deveria ser empregada em projetos mais realistas. Mas estamos no Brasil e sabemos perfeitamente como as coisas funcionam por aqui.
    Um forte abraço!

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