quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Nada será como antes...

"Lembrar do passado é como visitar um país estrangeiro..." - L. P. Hartley

Certa vez, o cineasta judeu Roman Polanski, que dirigiu "O Pianista", ambientado no gueto de Varsóvia durante a II Guerra, afirmou que não o fez no gueto de Cracóvia porque foi lá que esteve confinado com a família. Segundo ele, ambientar a história num lugar onde viveu experiências tão traumáticas na infância seria como aviltar ou desonrar as memórias que têm daquele período. A escolha foi pessoal e certamente não se aplica a todos ou a todas a situações, mas talvez ele tenha razão.
Às vezes, eu mesmo me pergunto se devemos revisitar o passado, inclusive os momentos mais felizes. Nos últimos anos, venho me convencendo, a exemplo de Polanski, de que aquilo que ficou para trás, sejam boas ou más lembranças, deve ficar no passado, intocado ou cristalizado.
Já pensei em refazer a primeira viagem, passando pelos mesmos lugares e tentando reproduzir as mesmas emoções que marcaram a minha vida. Bobagem, é melhor deixar tudo "lá". Nada será como antes, e ainda corro o risco de comprometer definitivamente memórias lindas (e idealizadas) que me trouxeram até aqui e pelas quais tenho profundo carinho e gratidão.

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