quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Na despedida de Richard Strauss, a celebração da vida!


Apesar da excelência do legado de Schumann e Schubert no gênero, minhas canções preferidas são as quatro últimas compostas por Richard Strauss, aos 84 anos, um ano antes de falecer.
Com letras de Herrmann Hesse e Joseph Eichendorff (abaixo), as quatro canções, em comovente tom de despedida, tratam da transitoriedade da vida e da inexorabilidade da morte, oferecendo uma visão poética da existência, desde o olhar romântico e otimista da juventude (primavera) até a resignação diante da proximidade do fim (pôr do sol).
O ciclo completo é uma das obras-primas do compositor, que, infelizmente, não viveu para ouvir.

Frühling (Primavera)
Letra: Herrmann Hesse
Em cavernas sombrias
sonhei longamente
com suas flores e céus azuis,
com seus odores e cantos de pássaros.
Agora você está revelada
com todo o brilho e adorno,
inundada de luzes
como um milagre diante de mim.
Você me reconhece novamente,
você me atrai docemente,
todos os meus membros tremem
com sua bem-aventurada presença!

September (Setembro)
Letra: Herrmann Hesse
O jardim está de luto.
A chuva cai fria sobre as flores.
O verão estremece em silêncio,
aguardando o seu fim.
Douradas, folha após folha caem
do alto pé de acácia.
O verão sorri, surpreso e lânguido,
no sonho moribundo do jardim.
Muito tempo ainda junto às rosas
ele se detém, aspirando ao repouso.
Lentamente ele fecha
seus olhos cansados.

Beim Schlafengehen (Ao adormecer)
Letra: Herrmann Hesse
Agora que o dia me cansou,
serão meus fervorosos desejos
acolhidos gentilmente pela noite estrelada
como uma criança fatigada.
Mãos, parem toda atividade.
Fronte, esqueça todo pensamento.
Todos os meus sentidos agora
querem mergulhar no sono.
E minha alma, sem amarras,
deseja flutuar com as asas livres
para, na esfera mágica da noite,
viver uma vida profunda e múltipla.

Im Abendrot (Ao pôr do sol)
Letra: Joseph von Eichendorff
Através de dores e alegrias,
nós caminhamos de mãos dadas;
agora descansamos da nossa errância
sobre uma terra silenciosa.
Em torno de nós se inclinam os vales
e já escurece o céu.
Apenas duas cotovias alçam voo,
sonhando no ar perfumado.
Aproxime-se e deixe-as voar.
Logo será hora de dormir.
Venha, que não nos percamos
nesta grande solidão.
Ó paz imensa e tranquila
tão profunda no crepúsculo!
Como nós estamos cansados dessa jornada.
Seria talvez isso já a morte?

Tradução: Wikipédia.


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