quarta-feira, 6 de março de 2013

Civilização e Barbárie




O livro "O Senhor das Moscas", de William Golding, publicado pela primeira vez em 1954, após ser recusado por 21 editoras, é uma obra que trata das relações humanas em situações extremas, longe das regras de convivência em sociedade.
Faz alguns meses, assisti em dvd à segunda adaptação da história para o cinema, produzida em 1990 (a primeira, mais fiel à narrativa original, foi lançada em 1963). Mais recentemente, após assistir aos filmes "Notas sobre um Escândalo", que faz uma pequena referência ao romance, e "O Nevoeiro", com temática semelhante, voltei a pensar nas intrigantes questões levantadas pelo livro de Golding. 
No romance, depois da queda de um avião no mar, um grupo de crianças consegue alcançar uma ilha deserta, sem haver, porém, perspectiva imediata de resgate. Com o passar do tempo, cada uma passa a contar apenas com o próprio instinto para sobreviver, sem a interferência dos adultos, mortos no acidente. 
É claro que os conflitos não demoram a aflorar. A maioria dos garotos faz uso crescente da violência na defesa de seus interesses, com a intimidação sistemática dos mais fracos e suscetíveis. Alguns poucos lutam para manter os mais nobres valores da civilização (solidariedade, compaixão etc), pagando um preço altíssimo por isso, até com a própria vida. 
No geral, é possível afirmar que o autor defende a tese de que a natureza humana é irremediavelmente selvagem, e que a fronteira entre o bem e o mal, entre a civilização e a barbárie, é tênue e não resiste a situações-limite. 
Seria mesmo a coerção (leis, regras etc) o mais forte fundamento da nossa civilização?


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