terça-feira, 22 de setembro de 2020

A vanguarda de Heinrich Heine

Relendo "Viagem ao Harz", de Christian Heinrich Heine (1797-1856), considerado um dos mais célebres representantes do romantismo alemão.
A obra consiste de deliciosos relatos de viagem, "temperados" por fina ironia e entremeados pela mais alta e bela poesia.
Heine se solidarizou com as agruras dos trabalhadores pobres da nascente sociedade industrial e chegou até a escrever um poema denunciando o tráfico negreiro para o Brasil, ressaltando o sofrimento infligido aos africanos na travessia do oceano em condições desumanas. E não deixou de associar criticamente a escravidão ao café e ao tabaco consumidos pela nova burguesia europeia.
Por sua profunda visão humanista, Heine, ainda em vida, teve seus livros proibidos na Áustria e em boa parte da Alemanha, mas inspirou compositores como Schumann, Brahms, Mendelssohn, Liszt e Tchaikovsky. No Brasil, foi traduzido por Gonçalves Dias, Machado de Assis, Raul Pompeia e Manuel Bandeira, dentre outros.
Infelizmente, o brilhante poeta e escritor passou os últimos 8 anos de vida paralítico e entrevado numa cama. Para um homem desbravador e de espírito libertário, um fim de vida trágico.
O fato é que Heine viveu tão à frente de seu tempo que, um século depois de morrer, foi considerado subversivo pelos nazistas, que queimaram seus livros. Certamente, se vivesse hoje, também não escaparia da onda de estupidez e ignorância que assola o mundo, em especial o Brasil. E ainda seria, sem exagero algum, um homem de "vanguarda"!





Nenhum comentário:

Postar um comentário