sábado, 5 de janeiro de 2013

"O Milagre dos Nove Dias"



Acabei de rever o filme "Desejo e Reparação", de Joe Wright (o mesmo diretor de "Anna Karenina", que estreia em fevereiro no Brasil), adaptação bem-sucedida do belíssimo romance "Reparação", de Ian McEwan. E voltei a me emocionar com a triste, singular e surpreendente história de redenção da personagem Briony Tallis, em sua tentativa de reparar um terrível mal cometido aos 13 anos, com graves consequências para duas pessoas que amava.
Mais uma vez fiquei impressionado com a cena (ou plano-sequência) de apenas 5 minutos, sem cortes, que mostra o esforço desesperado dos aliados para retirar franceses e ingleses da praia de Dunquerque, na França. A cena do filme é, certamente, uma bela homenagem aos homens que escaparam do cerco dos alemães, no episódio da II Guerra Mundial que passou a ser conhecido como "O Milagre dos Nove Dias", curto período em que quase 400 mil soldados, entre os quais 150 mil franceses, lograram cruzar o Canal da Mancha, a maioria em condições precárias após intensos combates no litoral norte da França. Na ocasião, a fuga era a única alternativa para os soldados, que seriam facilmente dominados e mortos pelos alemães, tal a disparidade de forças na região e o estado de esgotamento e desespero em que se encontravam.
Após pesquisar na internet, descobri que essa retirada de combatentes, muitos gravemente feridos, acabou se constituindo numa estratégia vitoriosa, em razão da quantidade de vidas salvas. Até hoje, especula-se sobre o motivo pelo qual os alemães não chegaram a tempo para frustrar a operação.
Certamente, a beleza da sequência no filme tem muito a ver com o simbolismo daqueles acontecimentos, tratados pelo diretor com a devida reverência e profunda sensibilidade. Talvez inspirado por tudo isso, também o compositor Dario Marianelli (parceiro do diretor em "Orgulho e Preconceito" e mais recentemente em "Anna Karenina") nos brinda com uma música comovente para a cena, a qual funciona como uma verdadeira elegia aos homens que participaram daquele episódio. 

4 comentários:

  1. Taí, me deu vontade de revê-lo também. Aliás, eu o vi no cineclube por indicação sua. Abraços.

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    1. Edu, acabei assistindo "por acaso", na NET. Talvez não programasse pra ver, mas valeu a pena porque o filme é realmente muito bom. Mas recomendo a leitura do romance, um clássico instantâneo que, como de costume, supera a boa adaptação para o cinema.

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  2. É lindo demais de uma delicadeza não muito encontrada na maioria dos filmes que nos são oferecidos no dia a dia. Claro que a trilha tem uma força muito grande na criação da atmosfera das cenas. Sempre vale a pena rever.

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    1. Lucília, em relação à trilha sonora, cabe registrar que o compositor ganhou o Oscar de 2008 pelo belo trabalho.

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