sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Baaria - A Porta do Vento", refilmagem ou continuação de "Cinema Paradiso"?


Com "Cinema Paradiso", de 1988, Giuseppe Tornatore realizou uma bela e comovente homenagem ao cinema. A amizade entre o pequeno Toto (Salvatore Cascio) e o inesquecível projecionista Alfredo, interpretado pelo falecido Philippe Noiret, embalada pela encantadora música de Ennio Morricone, emocionou e fez chorar plateias do mundo inteiro, consagrando uma história de amor ao cinema que atravessou gerações.
Em 2009, Tornatore retomou a atmosfera romântica e bem-sucedida de "Cinema Paradiso", lançando a superprodução "Baaria - A Porta do Vento", supostamente uma continuação do filme anterior (para muitos, uma refilmagem). A nova produção conta a história de três gerações de uma família também siciliana, traçando um painel da cena política italiana ao longo de 50 anos, com foco no romance entre os jovens Peppino e Mannina e na trajetória de vida do menino, desde a infância nos anos 30, até a maturidade, com a consolidação de sua carreira política no Partido Comunista. 
Mas o tom épico do filme, que contrasta inicialmente com o clima intimista de "Cinema Paradiso", não é de todo resolvido. Reiteradas vezes, quando a história parece evoluir para um aprofundamento do contexto político, o roteiro mantém a atenção nas questões mais pessoais e afetivas do protagonista, relegando a um plano secundário aspectos relevantes da história contemporânea da Itália. 
Embora, em maior ou menor medida, isso possa comprometer a consistência narrativa de "Baaria - A Porta do Vento", a apreciação do filme depende mesmo é da marca deixada por "Cinema Paradiso" na mente do espectador, que precisa evitar a armadilha de comparar as duas obras, já que ambas contêm vários elementos em comum.


Nenhum comentário:

Postar um comentário