sábado, 3 de dezembro de 2022

A Espanha que conheci.


A Espanha passou os últimos dias às voltas com cartas-bomba enviadas a autoridades locais e órgãos estrangeiros. Ainda não se sabe a origem e a motivação desses atos terroristas, que remontam ao pesadelo que assolou o país por décadas com as ações do grupo separatista basco.
Considerando os alvos (embaixadas da Ucrânia e dos EUA, primeiro-ministro e ministro da Defesa espanhol), é bem provável que esses atentados estejam relacionados com a invasão da Ucrânia pela Rússia, um conflito que já se prolonga por 10 meses, com milhares de vítimas civis, entre mortos e refugiados.
Em relação à Espanha, visitei o país várias vezes desde 1995 e pude testemunhar a consolidação do processo democrático iniciado com a morte de Franco, em 1975. Nas viagens que fiz de ônibus entre Madrid ou Barcelona e a Galícia, percebi também o enriquecimento do país, que soube aplicar muito bem os "generosos" recursos proporcionados pela adesão à União Europeia, em 1986, o que deve ter deixado definitivamente para trás a Espanha pobre e majoritariamente agrária que atravessou boa parte do século XX.
Justamente nesse período, a Espanha experimentou uma fase de crescimento econômico invejável e sem precedentes em sua história recente, propiciando fortes investimentos sociais (saúde, educação, infraestrutura etc.) e uma melhor distribuição da riqueza nacional.
Tudo que vi, li e ouvi em conversas com os primos e na imprensa local, especialmente no jornal "El País", de Madrid, me leva a acreditar que a Espanha viveu até a crise econômica de 2008 sua verdadeira "Belle Époque". Foram anos consecutivos de prosperidade que mudaram o perfil do país, aumentando a qualidade de vida da população e atraindo legiões cada vez maiores de imigrantes, na maioria latinos e africanos, em busca de melhores oportunidades. Certamente, a Espanha lançou até ali os sólidos alicerces que lhe permitem superar desafios e seguir em frente integrando o seleto grupo de países mais ricos e "estáveis" do continente.
Por fim, vale dizer que, para mim, viagens têm um significado que vai muito além da mera "curiosidade turística" (monumentos, igrejas, museus, praças, compras etc). Sempre que visito outros países, a exemplo do que fiz na Espanha, aproveito a oportunidade para observar tudo, desde como as pessoas vivem, se relacionam e se organizam em sociedade (regras de convivência, comunicação, transportes etc.), até preferências culturais, tais como entretenimento, vestuário, alimentação etc.
Estou definitivamente convencido de que o conhecimento do "outro" e de sua visão do mundo é o investimento mais importante para a conquista da paz.

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