domingo, 17 de julho de 2022

Semelhanças, diferenças e a humanidade que nos define!



"É melhor presenciar algo uma única vez do que ouvir sobre isso milhares de vezes" - Provérbio asiático.

Nesses tempos de inflação alta na Europa e no mundo, e de dólar/euro cada vez mais caro, não custa fazer uma retrospectiva de um tempo em que era mais fácil (e barato) cruzar fronteiras.
Por pura sorte (e talvez oportunidade histórica), comecei a viajar justamente quando o real valia muito. Na primeira viagem, em 1995, nossa nova moeda valia mais do que o dólar ou qualquer moeda europeia. Naquela época pré-euro, até a Europa era acessível para os brasileiros. Nos últimos anos, porém, com a crise econômica, o aumento do dólar/euro e a pandemia da Covid-19, o cenário mudou.
Tenho plena consciência de que aproveitei muito bem os melhores anos da economia brasileira para realizar um sonho de infância, conhecer a Europa, experimentando algumas das maiores emoções que tive na vida. Atravessei o continente de um jeito que mesmos os turistas endinheirados (que não é e nunca foi o meu caso!) não têm a oportunidade de fazer.
- De trem, de carro e até de bicicleta, visitei cidades grandes e pequenas e dezenas de aldeias no interior de vários países, incluindo algumas que nunca tinham recebido um brasileiro;
- Em 1995, para retornar ao Brasil, fiz uma viagem de trem de Stuttgart a Lisboa, com duas conexões (Paris e Irun), que levou nada menos que 32 horas. Era a primeira viagem e aprendi a lição sobre bilhetes aéreos;
- Na primeira vez que cheguei em Paris, também em 1995 (sem internet), me vi, com mala e cuia, sem hospedagem na cidade. Meu inglês iniciante é que me salvou de dormir na estação de trem;
- Fui o primeiro brasileiro da família a encontrar os primos espanhóis, em Barcelona e na Galícia, após mais de 60 anos, iniciativa da qual vou me orgulhar pelo resto da vida;
- Me perdi de carro na Croácia e só "me achei" com a ajuda providencial de peladeiros de beira de estrada;
- Cheguei de carro a Vaduz, capital de Liechtenstein, sem saber que estava no país, uma experiência única da qual jamais esquecerei;
- Com 56 anos, fui à praia (ou pelo menos à beira da água!) na Bósnia e Herzegovina. Para um carioca que não vai à praia no Rio desde criança, um evento pra lá de singular;
- Testemunhei a realização de uma Copa do Mundo no país-sede, Alemanha, incluindo a abertura do evento numa Munique ensolarada, festiva e tomada por torcedores de várias nacionalidades. Vivi ali alguns dos momentos mais felizes da minha vida;
- Viajei num ônibus "exclusivo" de Viena a Praga (mais de 6 horas!) ao custo de apenas 3 garrafinhas de água, com direito a suspense e receio com a imigração tcheca na fronteira com a Áustria;
- Por 4 vezes, na Alemanha e na Áustria, me vi sem hospedagem perto do anoitecer. Numa delas, fui salvo por D. Érika, uma simpática senhora austríaca que me "abrigou" em sua casa de Nenzing, uma pequena cidade nos alpes austríacos;
- Na semana que antecedeu a abertura da Copa da Alemanha, em 2006, peguei uma carona de Praga a Frankfurt num ônibus escolar, gentilmente oferecida pelos alunos do meu amigo alemão.
E muito, muito mais histórias que dariam até para escrever um livro!
Vale dizer que, em algumas dessas viagens, eu estava acompanhado de amigos alemães e brasileiros, o que tornou essas experiências ainda mais divertidas.
Com tudo isso, pensar que muito jovem, antes mesmo de sair do Rio pela primeira vez (para Ouro Preto), eu acalentava o sonho de apenas "pisar" na Europa. Nem pensava no que faria depois, eu só me imaginava colocando os pés no velho continente!
Ainda criança (com pouco mais de 10 anos), lembro-me perfeitamente de como ficava ansioso por folhear cada fascículo da coleção "Geografia Ilustrada" que minha mãe comprava nas bancas de jornais. Quanto mais distante (e diferente) o país, maior a minha curiosidade. Como eram, como viviam, o que pensavam?
Depois de tantas viagens, não tenho todas as respostas, mas pude descobrir que as semelhanças entre os povos são muito maiores e eloquentes do que as diferenças que os distinguem. Uma lição que nenhum livro e só mesmo as viagens poderiam me proporcionar!


2 comentários:

  1. Que experiências fantásticas , Écio ! 👏🏻👏🏻👏🏻

    ResponderExcluir
  2. Obrigado...mas seu comentário foi publicado como "anônimo".

    ResponderExcluir