quarta-feira, 6 de julho de 2022

Memórias do cinema...

Minha primeira relação com o cinema foi de "ódio à primeira vista"!
A empregada lá de casa pediu e minha mãe concordou que ela levasse as crianças (meus irmãos e eu) para assistir "A Noviça Rebelde". Eu tinha apenas 6 anos e não entendi absolutamente nada daquela "história sem fim" sobre uma família rica e numerosa que gostava de música e vivia num lugar bonito e distante. Música folclórica austríaca, nazismo e perseguição política (embora vivêssemos aqui numa ditadura) eram temas alheios à minha realidade. Depois de três horas sentado numa sala escura e sem poder falar ou levantar, eu aprendi, na mais tenra idade, o verdadeiro significado de tortura.
Com o trauma do primeiro "encontro", o cinema só viria a me conquistar muitos anos mais tarde quando, já adolescente, assisti a "Houve Uma Vez Um Verão", de Robert Mulligan.
A história nostálgica de um rapaz da minha idade apaixonado por uma mulher madura e comprometida, um belo rito de passagem, mexeu comigo como poucas que vi no cinema em toda a minha vida, o que contribuiu para que eu ingressasse no curso de Cinema da UFF. O objetivo era me tornar roteirista, mas tranquei a matrícula assim que passei no concurso do IBGE. O serviço público, do qual fiz parte por 35 anos e me orgulho muito, abortou minha carreira no cinema antes mesmo de começar.
O fato é que não demorou para que eu trocasse a PAIXÃO pelo cinema pelo AMOR pela música. Ainda hoje, adoro assistir a filmes, mas a música se tornou um vício e uma razão de viver, que se traduz por uma busca incessante pela Beleza, pelo Amor e pela Verdade. Estou convencido de que nenhuma outra manifestação humana nos aproxima tanto disso!


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