domingo, 10 de julho de 2016

O prazer de receber bem


Uma das melhores e mais marcantes impressões que guardei da Copa de 2006, na Alemanha, foi a maneira gentil e atenciosa com que fui abordado por voluntários do evento e pelo povo alemão, em geral. Principalmente os mais jovens, sempre prontos para ajudar diante da menor demonstração de dúvida por parte dos turistas. Se parasse na rua ou no metrô, ou abrisse o mapa da cidade (mesmo longe do estádio!), em segundos era possível ouvir "can i help you?" e "are you lost?" vindo de todos os lados. Não posso negar que aquilo me marcou profundamente e contribuiu para que eu formasse um juízo bastante positivo dos alemães.
Salvo possíveis exceções que desconheço, a figura do voluntário sempre existiu nos lugares do mundo que já sediaram eventos como Copa do Mundo e Olimpíada. São cidadãos das cidades-sede, do próprio país e até do exterior que se dispõem a realizar esse trabalho, gratuitamente, apenas pelo prazer de participar do evento e de ajudar os visitantes nos transportes públicos, no acesso aos ginásios etc.
Quero, portanto, render minhas homenagens aos milhares de voluntários (cariocas, brasileiros e até estrangeiros!) que atuarão nos JO do Rio, sem remuneração, mas cheios de satisfação e orgulho por representar nossa cidade e nosso país no maior evento esportivo do mundo. Não tenham dúvidas de que eles defenderão a boa imagem do Rio e o Brasil tanto quanto cada um dos atletas brasileiros envolvidos nas competições.
No entanto, quase todos os conhecidos com os quais converso sobre o assunto afirmam que não fariam isso de jeito nenhum, muitos deles alegando que não trabalhariam "de graça" para o governo. 
Por esse raciocínio, os voluntários dos eventos já realizados em outros países teriam sido todos ingênuos ou "otários de carteirinha", como se referiu um dos amigos.
Gostemos ou não da ideia, o fato é que uma Olimpíada não é um evento do governo e sim da nação inteira. Quem se candidatou para sediar essa festa esportiva de âmbito internacional foi a sociedade brasileira, por meio de seus legítimos representantes. Além disso, é a imagem do país que está em jogo durante o período das competições, e não de partidos ou de governos de plantão. Se isso não é relevante, juro que não sei mais (ou nunca soube) o que é!


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