Lorin Maazel gravou uma seleção, realizada por ele, de trechos orquestrais ("without words") de duas célebres óperas de Richard Wagner (fotos).
Procurei por anos o cd com "Tannhauser" e encontrei hoje na loja Allegro Discos. A gravação não recebeu críticas muito favoráveis na época do lançamento, em 1991, mas, como se trata de Wagner, eu precisava ter em minha coleção.
O cd do "Ring without words", reunindo excertos das quatro óperas do ciclo, eu já havia adquirido há muitos anos. A compra desse disco, no início dos anos 1990, quando o mercado de cds ainda engatinhava no Brasil, tem uma história peculiar, que eu conto a seguir.
Na época, já colecionador de discos clássicos, eu frequentava bastante as lojas de discos "Gramophone", no Centro do Rio e no Shopping da Gávea. Eram lojas para iniciados, oferecendo os últimos lançamentos do mercado internacional.
A loja do Centro, minha preferida, ficava no final de uma galeria na Sete de Setembro, quase esquina com Rio Branco. O ponto nobre, pra mim, era o subsolo, que abrigava a extensa seção de clássicos.
Havia, então, uma senhorinha, já idosa, que devia trabalhar ali há séculos e que sabia tudo sobre o gênero, desde compositores e obras até regentes e gravadoras especializadas. Uma vendedora como poucas na época ou em qualquer tempo. Era só perguntar sobre a obra desejada e já vinha ela com a informação completa, indicando os títulos disponíveis, as orquestras e os regentes. Era infalível (ou quase!).
Houve uma vez, porém, que a surpreendi num episódio curioso que nunca mais esqueci. Perguntei se a loja tinha o disco com a Filarmônica de Berlim, sob a regência de Lorin Maazel, com obras de Wagner. O detalhe que a desconcertou foi que eu disse que a gravadora era a americana "TELARC", especializada em coletâneas de obras mais "leves" e populares do repertório clássico. Confesso que, também pra mim, Wagner com a Filarmônica de Berlim era algo realmente estranho à "TELARC", mas não havia dúvida porque eu tinha lido sobre o lançamento do cd numa revista.
Assim que acabei de falar, ela afirmou enfaticamente que seria impossível a TELARC deter os direitos de venda de uma gravação com a Filarmônica de Berlim, mas se dispôs a me acompanhar até a seção destinada a Wagner. Para sua surpresa (e decepção), estava ali, logo no início da fila de cds, justamente o referido disco. Ela reagiu com um leve e sutil sentimento de "derrota", embora estivesse concretizando uma venda importante porque o cd era importado e caro! Por que não sabia do lançamento é algo que nunca entendi. Um provável lapso do qual ela mesma nunca deve ter se perdoado.
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