terça-feira, 25 de março de 2025

O reflexo do artista em sua obra

Nesse livro, o renomado (falecido recentemente) regente japonês Seiji Ozawa revela ter sabido ali, no momento da entrevista, que Mahler e Freud foram contemporâneos, ignorando, portanto, que o compositor esteve no divã do psicanalista, um dos episódios mais conhecidos e emblemáticos da biografia de Mahler.
Que "escolhas" um regente faz ao conduzir uma sinfonia desconhecendo a biografia do compositor, ou aquilo que eventualmente o inspirou/motivou?
Aprecio particularmente as obras de Bruckner, Sibelius, Mahler, Beethoven, Nielsen e Wagner. Como leio tudo sobre eles, aprendi a ver/ouvir refletidas em suas composições as personalidades, as motivações e suas possíveis inquietações.
Como ignorar a surdez progressiva de Beethoven, a profunda fé cristã de Bruckner, o nacionalismo de Sibelius e Nielsen, a neurose obsessiva de Mahler e a megalomania de Wagner ao ouvir suas obras? Elas estão todas impregnadas de desejos, receios e emoções que marcaram a trajetória de vida desses compositores.
Não consigo conceber uma "compreensão" satisfatória dessas obras desprezando as biografias dos autores. Nem como ouvinte e muito menos como regente de uma orquestra.


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