"Senhor das Moscas", clássico romance de William Golding sobre a natureza humana, conta agora com uma versão "em quadrinhos" no mercado nacional, embora esteja longe de ser um obra destinada ao público infantil.
Na obra de Golding, depois da queda de um avião no mar, um grupo de adolescentes consegue alcançar uma ilha deserta, sem haver, porém, perspectiva imediata de resgate. Com o passar do tempo, cada um passa a contar apenas com o próprio instinto para sobreviver, sem a interferência dos adultos, mortos no acidente (apenas um tripulante sobreviveu algumas horas na ilha).
É claro que os conflitos não demoram a aflorar. A maioria dos garotos faz uso crescente da violência na defesa de seus interesses, com a intimidação sistemática dos mais fracos e suscetíveis. Alguns poucos lutam para manter os mais nobres valores da civilização (solidariedade, compaixão etc.), pagando um preço altíssimo por isso.
No geral, é possível afirmar que o autor defende a tese de que a natureza humana seja irremediavelmente selvagem e que a fronteira entre o bem e o mal, entre a civilização e a barbárie, seja tênue e não resista a situações-limite.
Conheço e recomendo o romance em sua versão original, e até as adaptações já realizadas para o cinema, em especial a de 1990. Quanto a essa nova e "ousada" versão em quadrinhos, encontrei boas críticas na internet ressaltando a fidelidade ao texto de Golding, mas é preciso conferir.
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