Depois de passar meses sentindo saudade, mas com a emoção contida, finalmente as lágrimas rolaram ao assistir, agora há pouco, a um episódio de "Mundo Visto de Cima" mostrando Lyon e o TGV (Train à Grande Vitesse), trem francês de alta velocidade.
Lembrei-me da chegada à estação de Lyon no dia 15 de maio de 1995 (uma segunda-feira), após uma viagem noturna desde Barcelona, atravessando os Pirineus, cordilheira que serve de fronteira natural entre Espanha e França, e passando por Perpignan, Montpellier e Nimes, já no sul da França. Fazia uma manhã muito fria e a expectativa era grande para viajar no famoso TGV francês. Eram 7h e a chegada a Paris estava prevista para as 9h. O passe de trem (Europass), comprado ainda no Brasil, dava direito a um assento na primeira classe, com a condição de que eu fizesse a devida reserva de lugar ainda na estação, o que efetivamente providenciei assim que desembarquei do trem que me levou de Barcelona.
Na plataforma indicada, vestido com vários casacos, mas ainda assim quase morrendo de frio, e ao lado de dezenas de executivos acompanhados de suas vistosas pastas (não era tempo de notebooks e muito menos de smartphones), aguardei ansiosamente pelo TGV. Uns dez minutos antes das 7, o trem se aproximou da estação. Fui um dos primeiros a embarcar e procurei logo o assento reservado. Depois de colocar a mala no compartimento superior, finalmente me acomodei e relaxei. Em questão de minutos o vagão estava lotado. Todos, a maioria homens, impecavelmente vestidos e só eu ali (que eu me lembre) de calça jeans, tênis e mochila. O trem partiu na hora certa e, com uma sensação de "peixe fora d'água" (ou penetra), segui viagem, logo me distraindo com a bela paisagem e as fotografias de uma revista de bordo.
Mas não demorou muito para eu me sentir dominado por um sentimento misto de ansiedade por conhecer a mítica Paris dali a duas horas e o receio de chegar a um país sem conhecer nada do idioma. Até então eu só tinha visitado Portugal e Espanha. O resto da viagem, que incluía França e Alemanha, prometia muitas emoções e percalços por conta da comunicação, mas a sorte já estava lançada. E bota sorte nisso!!
Enfim, foi o início de um período de descobertas e novas emoções...
Aquela viagem mudou a minha vida, enriqueceu a minha vida, deu sentido à minha vida...
Sem as viagens, eu certamente seria outra pessoa e receio que menos tolerante e aberta à diversidade humana.
Novas culturas, hábitos, comportamentos, paisagens, visões de mundo...
Isso definitivamente não se aprende nos livros.
Por isso, agradeço a Deus todos os dias pela inspiração e coragem (também saúde e recursos) para superar o medo e viabilizar aquela mágica viagem de 1995.
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