Estou impressionado com o que constatei agora ouvindo uma gravação da sexta sinfonia de Bruckner, sob a regência de Gunter Wand.
Nunca tinha ouvido nenhuma obra conduzida por Wand, um regente alemão com uma história de vida e profissional singular, que inclui resistência ao nazismo e decorrente prejuízo na carreira.
Ultimamente, lendo mais sobre as sinfonias de Bruckner, que ouço sem parar há dias, descobri que Gunter Wand é considerado o mais célebre condutor das obras do compositor austríaco. Um gênio inigualável, nas palavras de um grande especialista. Como eu, um viciado em Bruckner, não sabia disso? Estúpido!!
Para "tirar o atraso", resolvi procurar no YouTube um vídeo de Wand conduzindo justamente Bruckner e encontrei a sexta sinfonia, uma obra que já conheço de dois cds da minha coleção.
Em poucos segundos de execução da música, tomei um susto! Aquela não era a sexta sinfonia de Bruckner. Wand conferia ao solene primeiro movimento nuances de extraordinária beleza e definitivamente ausentes nas duas gravações que eu conhecia, ambas com regentes consagrados. A música transcorria como pequenas ondas, num contraste delicado e suave que revelava uma melodia nova, encantadora e de dimensão transcendental. E foi assim até o final, com direito a verdadeiras epifanias no belo adágio.
Tudo que eu tinha ouvido até então em outras gravações, e que já me agradava muito, me parecia agora extremamente linear, talvez fiel à partitura, mas conduzido sem a necessária sensibilidade, sem verdade e sem "alma".
Receio que só agora, com Gunter Wand, falecido em 2002, aos 90 anos, é que conheci Anton Bruckner. Um pouco tarde, mas, como diz o ditado, antes tarde do que nunca!
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