Conto aqui uma história curiosa que acabei de ler sobre o compositor dinamarquês Carl Nielsen (1865-1931):
Em 1890, com apenas 25 anos, Nielsen deixou sua terra natal e viajou para a Alemanha em busca de novos ares e "ampliação de horizontes".
Em Berlim, depois de ouvir a execução do Quarteto de Cordas, op.5, de Nielsen, o respeitado mestre Joseph Joachim (1831-1907), apesar de reconhecer "imaginação e talento" na música do jovem dinamarquês, comentou com o compositor que considerava a obra muito radical, sugerindo algumas mudanças. Nielsen agradeceu, mas ressaltou que temia que qualquer alteração pudesse levar a composição a perder o seu "caráter" ou autenticidade, ao que o mestre teria respondido:
- Bem, meu caro Sr. Nielsen, talvez eu seja, afinal, um velho conservador. Escreva como quiser ou achar melhor, contanto que seja como você verdadeiramente sente a obra. É o que importa!
Ao ler sobre isso, não pude deixar de me lembrar de um episódio ocorrido no dia da minha aposentadoria, quando recebi a mensagem abaixo de um jovem estagiário com quem trabalhei nos últimos anos:
- Aprendi muito com o senhor, que sempre fez questão de me mostrar os dois lados de um determinado assunto. Isso pode ser uma coisa simples, porém, no mundo de hoje, as pessoas empurram as suas ideologias e criticam você se não concorda com elas.
Fora, naturalmente, do campo profissional, esse foi um dos maiores elogios que recebi em meus 35 anos de IBGE!
Na verdade, embora nem sempre seja fácil, é assim que eu venho tentando conduzir a minha vida e, se tiver a chance, pretendo envelhecer. Sem fórmulas prontas ou ideias preconcebidas para tudo.
É preciso ter humildade para aceitar conceitos novos e respeitar a visão pessoal e subjetiva dos outros, principalmente no que concerne às escolhas e à trajetória de vida de cada um.
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