Em Portbou...há 29 anos!
Barcelona, 14 de maio de 1995, um belo domingo de sol na capital catalã. Por volta das 18h, eu embarcava para a longa viagem de trem até Paris, com conexões na fronteira e em Lyon, o que levaria a noite/madrugada inteira. Durante as primeiras horas da viagem percorrendo o litoral, foi possível acompanhar, à direita do trem, o lento cair da tarde sobre o Mediterrâneo, que culminou com um belíssimo pôr do sol.
Já à noite, na estação de Portbou, uma cidadezinha bem próxima da fronteira com a França (1000 habitantes), desembarca uma numerosa família, um casal de meia idade com 3 crianças e dois adolescentes. Com olhar curioso, acompanho cada um saltar do trem e a emoção com que todos se dirigem a um casal de idosos, talvez avós, que os esperava ali. Entre beijos e abraços "infindáveis", percebo uma das crianças, uma garotinha de uns 4 ou 5 anos, virar-se para o trem ainda a tempo de acenar timidamente para mim, ao que, surpreso, retribuo em seguida.
Sim, ela deve ter percebido minha curiosidade com a família e, em sua inocência, espontaneamente resolveu "se despedir" daquele estranho com um aceno e um doce, ainda que contido, sorriso.
O trem parte lentamente, me permitindo acompanhar a família ao deixar a plataforma. A próxima parada seria em Cerbere, do outro lado da fronteira, já em território francês, prometendo novas emoções, mas aquela singela cena de encontros/despedida em Portbou se tornaria uma das mais singelas e inesquecíveis que presenciei em todas as minhas viagens de trem na Europa.
Há 29 anos...
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