quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Eu faria tudo de novo...

 


Uma matéria na internet sobre o filme "Albergue Espanhol", de 2002, que revela as dificuldades e descobertas de estudantes europeus de várias nacionalidades dividindo um apartamento em Barcelona, me fez recordar que já me hospedei em albergues da juventude em Paris, Amsterdã, Bruges, Florença, Praga, Viena, Dortmund e Barcelona. Do ponto de vista humano e cultural, uma das maiores e mais ricas experiências de vida que alguém, de qualquer idade, pode ter.
Aliás, quando olho para trás e vejo tudo que vivi (não só nos "albergues") em minhas viagens, os locais que visitei e as pessoas que encontrei, juro que daria tudo para viver todas aquelas emoções de novo, incluindo a primeira visita aos primos na Espanha, que ninguém no Brasil havia encontrado em mais de 60 anos, e até os contratempos, como a vez em que quase perdi o voo de volta, em Madrid, e o recente cancelamento do voo em Lisboa, que me levou a passar a madrugada percorrendo a cidade em busca de uma vaga de hotel.
Tudo, absolutamente tudo eu faria de novo, eu viveria de novo...

Goethe, Heine e o romantismo alemão!


Após ler sobre Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e sua época, resolvi reler "Viagem ao Harz", de Christian Johann Heinrich Heine (1797-1856). Ambos foram contemporâneos e representam o melhor do romantismo alemão nos séculos XVIII e XIX.
Embora romântico, Heine não abdicou de expressar uma visão irônica e crítica da realidade, bem mais, aliás, do que Goethe.
Ele se solidarizou com as agruras dos trabalhadores pobres da nascente sociedade industrial e chegou até a escrever um poema denunciando o tráfico negreiro para o Brasil, ressaltando o sofrimento infligido aos africanos na travessia do oceano em condições desumanas. E não deixou de associar criticamente a escravidão ao café e ao tabaco consumidos pela nova burguesia europeia.
Por sua profunda visão humanista, Heine, ainda em vida, teve seus livros proibidos na Áustria e em boa parte da Alemanha, mas inspirou compositores como Schumann, Brahms, Mendelssohn, Liszt e Tchaikovsky. No Brasil, foi traduzido por Gonçalves Dias, Machado de Assis, Raul Pompeia e Manuel Bandeira, dentre outros.
O fato é que Heine viveu tão à frente de seu tempo que, um século depois de morrer, foi considerado subversivo pelos nazistas, que queimaram seus livros. Nos nossos dias, certamente não escaparia da onda de estupidez que assola o mundo e ainda seria, sem exagero, um homem de "vanguarda"!